A graça do amor

O amor é como o sol que ilumina. Quando o deixamos entrar em nossa vida ele penetra corpo e alma e não sabemos mais viver sem ele. De repente tudo se ilumina, passa a ter gosto, cor, sentido. Somos inundados de uma alegria tal que até o mais complexo dos problemas perante ele e com ele, se torna pouco e transponível.

O amor é um balsamos para as feridas as quais ele cura e as transforma em instrumento de redenção. O amor é benfazejo e não só se preocupa consigo mesmo, ele não sabe viver só para si e a si mesmo se basta. O amor é universal, caridoso, expande e ultrapassa a si mesmo indo ao encontro dos outros e com os outros compartilha de sua imensa alegria e irradia por sua luz, e com a luz dos outros, transforma, aquece, ilumina, dá sentido de ser, de viver e de mudar. Assim é o amor na vida e na alma de quem ama, de quem por ele foi tocado. Por isso que é difícil viver sem amor.

Uma vida sem amor é uma vida vazia, sempre à procura de algo, nunca preenchida, os dias são insosso, todos eles são iguais diferenciado apenas pelas noites e dias, as atividades cotidianas são meramente fazeres à condição humana e de sobrevivência.

Uma vida sem amor, é uma vida perdida que não se encontrou em si e não consegue sentir, ver e enxergar para além do estereótipo das coisas e das pessoas e, se se compadece de algo ou de alguém o faz na condição de humana que é e da sensibilidade que traz consigo no sua gêneses pelo simples fato de humanidade. E isso nos remete a singularidade do amor, porque o amor é divino e amar é próprio da alma elevada, elevada pelo próprio amor à condição de amado e amante, porque quem ama, quem experimentou a graça de amar e ser amado, não sabe mais viver sem amor.

O amor é uma loucura, uma doce e benfazeja doença que se instalou em nossas vidas e que, sem ele, ela é meramente uma existência no mais recôndito da criação universal enfeite e serventia a mesma, mas que carece de algo mais, porque não se descobriu e não se deixou amar e consequentemente não encontrou o seu lugar no mais íntimo e secreto do coração do amor.

O amor é uma droga que nos vicia e precisamos de tempos em tempos alimentá-lo dentro de nossa alma para que possa funcionar cem por cento. Não que ele acabe, e pode acabar, mas se acabar é apenas um momento para noutro renascer com força, porque o amor uma vez acontecido na vida, não morre, adormece de uma fase para dar início a outra. Entretanto, o seu ritmo não é nosso ritmo, e sua história não é nossa história, mas em nossa história marcada de inicios e finais, de reinícios e esperanças ele aparece com nova roupagem e história porque não conseguimos viver sem ele e nos livrar dele.

Uma vez acontecido em nossas vidas e em nossas almas, não sabemos mais viver sem amor. Se ficamos sem amor, ficamos a mercê da própria sorte, doentes incuráveis a não ser de amor, porque de amor só se cura com amor. E aí está a graça de amar e ser amado. Talvez seja por isso que o divino Criador e a Salvação eterna e da História pessoal e coletiva se defina e se realize no Amor. O amor que é ora parece escravidão (bendita escravidão !!!), ora parece libertação, ora é uma graça… a graça do Amor.

O amor não se vende, não se compra, não se troca, é gratuito e universal, não se prende a sentimentalismo e nem dele vive ou se alimenta, entretanto, afeto, sexo, carinho e aconchego, essas coisas compramos de quem quer que seja e o fazemos na condição de corpos e almas necessitadas porque uma vez sentido o amor, somos precisados. E ele, de certa forma se manifesta por tais meios, mas não se limita a eles, porque é bem mais profundo. E se por um acaso isso acontecer, esse ato nos impele e nos diz do quanto des-amados e precisados estamos por acender a centelha do nosso amor que por certo está ou foi magoado, ferido, ignorado, excluído e deixado de lado por quem devotamos nosso querido amor. E isso nos diz do quanto precisamos do amor, de amar e ser amado. Porque de fato, o amor não ama só a si e para si, mas ele é sempre um movimento cuja realidade supõe o outro. Não amamos de eu-para-eu, mas pelo contrário, amo eu na medida que amo o outro, e amo o outro na medida que amo eu, e nesse círculo ele se abre para uma terceira realidade que dá origem ao movimento do amor: Deus. O amor é sempre a conjugação do eu-para-tu e tu-para-eu que gera o ‘nós’ que se completa num ‘nós’ a ‘três’ e nunca num ‘dois’.

O amor é uma incógnita e nós de relações cuja face divina se faz presente quando sadiamente acontece em graça e por graça de ser.

 O que mais direi? Isso tudo é o que faz o amor. É o que é o amor. E na calada da noite, em viva chama precisado, eis que, no amanhecer da vida, canetografamos o que na noite escura da alma surgiu para na manhã do dia nascente, ainda tendo o sol escondido pelas nuvens chuvosas, escrever no computador o que agora publicamos: o amor, graça sob graça derramado no porvir de nossa existência. E como é bom viver de amor, no cativeiro do amor.

Sobre Sebastião Catequista 90 Artigos
Olá! Sou Sebastião Catequista. Sou educador popular e narrador dos conteúdos bíblicos. Habito a Igreja Católica e me identifico como tal, meu lugar de fala é a partir das Comunidades Eclesiais, Pastorais e Movimentos Populares. Faço parte do CEBI (Centro de Estudos Bíblicos) da Região Nordeste, Estado de Pernambuco. Atuo como Agente de Pastoral em diversas atividades eclesial. Blogueiro, assessor, palestrante, criador de conteúdos, sou católico de fronteiras: isto é, sou Ecumênico, de profundo Diálogo inter-religioso com outras Tradições Religiosas cristãs e não cristãs. Adoro ler, curtir a natureza, passeios, fotos, músicas e bons filmes. Sinto-me encantado com a Vida e agradecido. Sou um contemplativo nato. Adoro o mundo da Teologia e da Ciência da Religião. Aqui é o lugar onde extravaso as palavras e dou evasão aos pensamentos. Ter sua visita e apreciação de meus textos é uma alegria, um partilhar da vida nessa cativante jornada do dia a dia que é está vivo e caminhar rumo ao Mistério fascinante da Existência. Grato! Seja bem-vindo/a!

3 Comentários

  1. Ótimo texto Sebastião. Você é o reflexo desse amor. O amor para o outro.

  2. Como dizia Paulo: o AMOR é um bem maior, é joia de valor para o coração… Ah o AMOR! Como podia eu viver sem esse bém tão precioso? Se eu respiro, respiro o AMOR, se eu me alimento, alimento no AMOR, se eu me visto, me visto no AMOR… não, não tenho muitas coisas para falar sobre o AMOR, não sei falar dele, não sei bém distingui-lho… mas busco semple tentar compriendelo, buscando ele em tudo e em todos, se existe uma força inexplicável dentro de mim, essa força se chama a grandeza do AMOR…

  3. Boa tarde.
    Uma alma contrita. Amante do amor.
    Oobservo com carinho o dizer bem dito: “por isso é difícil viver sem amor”.

    Difícil ou impossível?

    Depois que degustamos o amor fica uma saudade que é como uma fonte que nunca se esgota.
    O amor é saboroso. Tem sabores exóticos, amargos e doces.

    Xero grande Sebastião. Aprecio suas ditas.

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