Amor e liberdade

Toda tentativa de conceituar e falar do amor o limita de certo modo, como também revela sua riqueza e interioridade nas mais variadas situações. O mesmo se aplica a liberdade. Entretanto, nem por isso deixamos de falar sobre o amor e a liberdade.

E aqui tecemos essa reflexão sobre o amor e a liberdade contextualizado na vida a dois. Comecemos pela liberdade…

A liberdade é essencial à vida humana. Faz parte de sua constituição visceral. Com a liberdade podemos ser criativos, dinâmicos e forjadores de nossa própria história. Mas, a liberdade tem seus limites e suas “padecências” na vida. Compreendida e vivida sem causa, sem limites, dando “asas à imaginação” pode causa grandes e nefastos danos a si e a outros. É o caso por exemplo, de uma vida a dois. Quantos males entendidos, quantos relacionamentos não se desfizeram por uma má compreensão e vivência da liberdade? Já pensou!

Nesse sentido, e nesse contexto, a liberdade se torna um entrave à vida. É preciso lhe dá ou retornar ao seu verdadeiro sentido.

Não é a liberdade por exemplo, que dá sentido à vida, mas o amor. Esse, sim, dá sentido e preenche a vida. A liberdade é apenas o mapa onde ele se desenvolve. Se lemos o mapa (a liberdade) erradamente, tudo o mais está comprometido e sofrerá as consequências.

As Escrituras no Primeiro Testamento em seus oitenta porcentos fala da liberdade em certo contexto; da busca da liberdade e de como já na luta ela se realiza, ainda que não seja por completo. Como ela se torna o combustível que a cada dia movimenta o desejo de caminhar e prosseguir lutando, contudo, os vinte porcentos restantes enfatiza que é pelo amor e por causa do amor que a torna possível e lhe dá o sentido pleno.

Sim, são pouquíssimos os textos em que se fala explicitamente do amor, mas o que se fala é o bastante para se “definir” a Deus e os seus propósitos, bem como o relacionamento a dois.

O amor se constitui daquela atitude, desejo, vontade, sonho e realidade cujo sentido à vida e a existência prescindi para poder continuar vivendo e tendo sentido. Por exemplo: Jesus era livre, poderia não aceitar a morte de cruz e nem cumprir o plano do Pai; ele poderia ter outra alternativa. Mas, entre a liberdade (e ele era livre, a própria Liberdade) e o amor, ele escolhe o amor. Porque o amor é que dá sentido à liberdade. E o amor venceu a morte, a liberdade não.

Mas venhamos e convenhamos. O amor visto pelo olhar da liberdade, lhe é “escravidão”, limitador de sua impulsividade. Isso é verdadeiro sobretudo dentro de um relacionamento conjugal.

O contrário, por exemplo, é o olhar e compreensão da liberdade do ponto de vista do amor. Ela é um instrumento pelo qual o amor vive sua aventura mais pura, genuína e verdadeira, completa e plena. Sob o olhar do amor, a liberdade ganha sentido próprio e se plenifica verdadeiramente. Sob o “cativeiro” do amor, a liberdade é verdadeiramente livre e não se esconde atrás de suas artimanhas.

Percebe? Uma coisa é a liberdade vista por si mesma e como ela olha para o amor; outra bem diferente é a mesma ser vista sob o prisma do amor. No amor a liberdade se encontra verdadeiramente.

Talvez seja por isso que é próprio do amor a ousadia, a coragem, a caridade, a fidelidade, o perdão, a compaixão; enquanto “é própria” da liberdade a aventura às cegas, motivadas pelas loucuras da paixão irresponsável que não mede as consequências, e se apresenta com aparências do amor verdadeiro.

Mas, pelo amor, a liberdade tem que se educar, se “domesticar” para encontrar o seu “eu” verdadeiro que se encontra no amor. E isso não a torna prisioneira, mas verdadeiramente livre para nas peripécias da vida, encontrar o que designa para si “felicidade”.

Por esse caminho e compreendendo assim, liberdade e amor, amor e liberdade estão um para o outro e juntos para algo muito mais profundo para além de si.

Enfim, a liberdade e o amor, o amor e a liberdade constituem o “ser” da vida e do humano. Sem a liberdade e o amor, a vida não tem lá sentido de ser. E quem numa vida a dois não compreendeu e nem amadureceu isso, vive tateando nos braços de outros/as um amor e uma liberdade padecente com nome de felicidade e completude…

Sobre Sebastião Catequista 90 Artigos
Olá! Sou Sebastião Catequista. Sou educador popular e narrador dos conteúdos bíblicos. Habito a Igreja Católica e me identifico como tal, meu lugar de fala é a partir das Comunidades Eclesiais, Pastorais e Movimentos Populares. Faço parte do CEBI (Centro de Estudos Bíblicos) da Região Nordeste, Estado de Pernambuco. Atuo como Agente de Pastoral em diversas atividades eclesial. Blogueiro, assessor, palestrante, criador de conteúdos, sou católico de fronteiras: isto é, sou Ecumênico, de profundo Diálogo inter-religioso com outras Tradições Religiosas cristãs e não cristãs. Adoro ler, curtir a natureza, passeios, fotos, músicas e bons filmes. Sinto-me encantado com a Vida e agradecido. Sou um contemplativo nato. Adoro o mundo da Teologia e da Ciência da Religião. Aqui é o lugar onde extravaso as palavras e dou evasão aos pensamentos. Ter sua visita e apreciação de meus textos é uma alegria, um partilhar da vida nessa cativante jornada do dia a dia que é está vivo e caminhar rumo ao Mistério fascinante da Existência. Grato! Seja bem-vindo/a!