Favelas e ausência social

Em Caruaru, recentemente foi feito um mapeamento das favelas existentes. Para surpresa dos recenseadores, que são católicos comprometidos de longa tradição e inseridos em comunidades populares, perceberam que, o catolicismo praticado pelo povo é de uma religiosidade arraigada no tradicionalismo. Perceberam também a presença constante de um grupo evangélico através de templos e obreiros que diariamente visitam as famílias com o intuito de evangeliza-las.

Esse povo das favelas vive a margem da sociedade caruaruense, sobrevivendo do que melhor a cidade pode lhe oferecer: a Feira da Sulanca; as sobras da Central de Abastecimento de Alimentos; o frete da Feira de Caruaru; os serviços mais humildes e dignos; como também os derivados do comercio em geral.

À custa de tanta sorte e da esperança vão sobrevivendo. Os programas sociais do governo federal, estadual e municipal são assistências que dão certa segurança mediante as incertezas que se apresentam no decorrer dos dias. Contudo não há uma efetiva presença do Estado e nem da Igreja enquanto Católica, a melhorar ou dignificar a vida dessa gente., È mais grave ainda, para nós católicos, pois, apregoamos aos quatro cantos do mundo que de alguma forma fizemos opção pelos pobres, ainda que não exclusivamente, mas gostamos de encher nossos templos com tais discursos, embora que, o clero mais recente não seja como na geração anterior, dada à uma ação pastoral junto a pobreza mas efetivamente.

O que vimos é que, o povo está largado à própria sorte, e só em quatro favelas é que encontramos a presença de membros da igreja católica, ainda assim, de maneira tímida e assistencialista.

O que estamos, pois, tentando dizer é que: nas comunidades carentes a nossa igreja é ausente, o nosso povo está à mercê de evangelismo que só Deus sabe do que e para que. E, a sociedade dorme em paz, sem se aperceber do que está ao seu lado, exceto nos dias “natalinos” e nas “quatro festas do ano”, onde aparecem com sua “caridade” e com seu “olhar de amenização” do “sofrimento, da fome e da pobreza” como se isso fosse algo que resolvesse o problema.

Na prefeitura há secretarias que estão preocupadas, buscam ver a situação e de como algo fazer. Sem questionar suas intenções, métodos e ações se mostram mais presente e cristãos do que os próprios cristãos igrejeiros.

Há uma preocupação no sentido de cidadania. Contudo é preciso avançar, acelerar o ritmo, haja vista que há muitos problemas (infraestruturas, prostituição, desemprego, falta de saneamento básico, proliferação de doenças, droga, tráfico, etc) a serem enfrentados. E as atividades e ajudas não se dão no mesmo ritmo das mudanças e das necessidades, haja vista que, a cidade está crescendo num ritmo bastante acelerado. A Igreja poderia ser mais presença incisiva e colaborar de forma mais pratica, pois tem um batalhão de pessoas voluntárias que poderiam canalizar sua força espiritual e sua ação igrejeira. Desse modo sua práxis falaria muito mais em favor da vida e das pessoas, independentemente de classe, religião, sexo ou condição social.

Fica, pois, nossa opinião, formando opinião e abrindo a discursão entre os muitos fieis que de alguma forma também sentem assim, a sua fé, o seu engajamento e a sua esperança de ver a sua igreja caruaruense mais comprometida.

Sobre Sebastião Catequista 90 Artigos
Olá! Sou Sebastião Catequista. Sou educador popular e narrador dos conteúdos bíblicos. Habito a Igreja Católica e me identifico como tal, meu lugar de fala é a partir das Comunidades Eclesiais, Pastorais e Movimentos Populares. Faço parte do CEBI (Centro de Estudos Bíblicos) da Região Nordeste, Estado de Pernambuco. Atuo como Agente de Pastoral em diversas atividades eclesial. Blogueiro, assessor, palestrante, criador de conteúdos, sou católico de fronteiras: isto é, sou Ecumênico, de profundo Diálogo inter-religioso com outras Tradições Religiosas cristãs e não cristãs. Adoro ler, curtir a natureza, passeios, fotos, músicas e bons filmes. Sinto-me encantado com a Vida e agradecido. Sou um contemplativo nato. Adoro o mundo da Teologia e da Ciência da Religião. Aqui é o lugar onde extravaso as palavras e dou evasão aos pensamentos. Ter sua visita e apreciação de meus textos é uma alegria, um partilhar da vida nessa cativante jornada do dia a dia que é está vivo e caminhar rumo ao Mistério fascinante da Existência. Grato! Seja bem-vindo/a!

1 Comentário

  1. A complexidade social de nosso tempo exige ações conjuntas no sentido de enfrentarmos as situações de desrespeito à dignidade humana. A Igreja Católica, assim como todas as instituições religiosas que desejam ver os sinais do Reino de Deus, anunciado por Jesus Cristo, mais visivelmente presente em nosso meio, devem buscar juntar forças com outras tantas mãos que lutam em prol da vida. Ninguém poderá ficar omisso diante de tamanho desafio. Parabéns ao “ABC da Palavra” por levantar esta questão.

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