Ilusão

            Pode uma pessoa se apaixonar? Pode! Pode uma pessoa amar? Pode!

            Mas daí pensar que essa paixão, amor ou pessoa por quem devotamos tal paixão e amor seja perfeita é pedir demais. É apostar alto demais.

            Pensar que tal pessoa nos completa, nos sacia sonhos e desejos, nos dá segurança, que é nosso parceiro/a fidedigno/a sendo aquele/a que nos é apoio, quando desejamos e precisamos é arriscar um preço muito alto e ser ingênuo se não percebermos os riscos colaterais.

            Se imaginarmos que a pessoa que amamos é um ser perfeito/a nos iludimos redondamente e nos enganamos a nós mesmos.

            É claro que não somos cegos e burros a tal ponto para não enxergamos que o outro tem defeitos. Mas “por amor” nos iludimos. Arriscamos. Entretanto, lá bem no fundo no fundo sabemos que ele ou ela têm defeitos, mas são defeitos, pensamos, perdoáveis e que podemos com eles conviver. São por assim dizer “toleráveis”, e que podemos “com jeito resolver”. Puro engano, mera ilusão!

            E mais ainda, qual não é nossa surpresa quando descobrimos que em relação a nós mesmos, o outro tem sonhos, desejos, vontade e é tão instável e humano quanto nós mesmos e que, portanto, a traição, por exemplo, é uma possibilidade tangível tanto quanto a possibilidade de nos deixar e nos trocar por outro/a… um “novo” amor.

            E pensar que tudo isso também pode se dar até conosco mesmo em relação ao outro/a parceiro/a.

            E ficamos mais ainda surpresos, desesperados, revoltados e raivosos (quando não vira ódio…) quando percebemos que assim sendo, do dia para noite o chão de nossas vidas sumiu sob debaixo dos nossos pés e só por muito amor é que conseguimos nos levantar e superar esse momento, essa realidade.

            Diante de um fato assim (a traição) ou diante da ilusão agora “descoberta” de que o outro é cheio de defeitos tanto quanto nós, é que nos voltamos para o verdadeiro amor. Só o amor verdadeiro se existe nos consegue levantar. Porém, pela dor purificados, esse amor e esse relacionamento não é mais “inocente” como antes, e não somos mais os mesmos. Se persistimos nesse relacionamento por acreditar que o amor ainda existe, temos por certo que, de outro modo ele e a vida nos modelou, nos moldou. De algum modo não vivemos mais de ilusão.

            O amor? Existe, mas não é mais o mesmo de antes. Agora ele se repaginou, foi à escola da vida se capacitar para reaprender a amar de novo e, isso, leva tempo, muito tempo… e a ilusão se torna menos ilusão.

Sobre Sebastião Catequista 90 Artigos
Olá! Sou Sebastião Catequista. Sou educador popular e narrador dos conteúdos bíblicos. Habito a Igreja Católica e me identifico como tal, meu lugar de fala é a partir das Comunidades Eclesiais, Pastorais e Movimentos Populares. Faço parte do CEBI (Centro de Estudos Bíblicos) da Região Nordeste, Estado de Pernambuco. Atuo como Agente de Pastoral em diversas atividades eclesial. Blogueiro, assessor, palestrante, criador de conteúdos, sou católico de fronteiras: isto é, sou Ecumênico, de profundo Diálogo inter-religioso com outras Tradições Religiosas cristãs e não cristãs. Adoro ler, curtir a natureza, passeios, fotos, músicas e bons filmes. Sinto-me encantado com a Vida e agradecido. Sou um contemplativo nato. Adoro o mundo da Teologia e da Ciência da Religião. Aqui é o lugar onde extravaso as palavras e dou evasão aos pensamentos. Ter sua visita e apreciação de meus textos é uma alegria, um partilhar da vida nessa cativante jornada do dia a dia que é está vivo e caminhar rumo ao Mistério fascinante da Existência. Grato! Seja bem-vindo/a!

4 Comentários

  1. Quando surge pois a desconfiança ou a quebra da aliança da fidelidade esse mundo cai sobre nossa cabeça e como vc disse perdemos o chão
    Acrescento ainda a questão do confiar e da garantia. Quando amamos alguém achamos q essa pessoa tbm nos ama ao ponto de não nos magoar, idealizamos aquilo que achamos belo das histórias de amor que nos foi contado e as vezes achamos que poderíamos viver num conto de fadas,
    Hj entendo que buscamos garantias.Garantia de um amor sincero, fiel, Leal, esse amor existe? Quando descobrimos o pior de cada um e ainda assim insistimos em ficar ali, por diversos motivos, isso é amor ou dependência?
    O que é o amor entre o homem e a mulher?

  2. É verdade a ilusão está sempre presente, não só no lado amoroso, mas em muitos aspectos da nossa vida, sempre vai existir o conflito entre nossos sonhos/expectativas e a realidade/limitações do próximo; acho que o grande lance é o EQUILÍBRIO, se criarmos harmonia entre o que é possível respeitando nossas limitações e as do outro conseguimos uma vida mais em paz.

  3. Acredito por fé, convicção e exemplo bíblico de que para cada Adão existe a costela certa. Somente Deus pode nos direcionar para a pessoa que nos complementa. Só Ele conhece o que se passa no coração de cada ser e justamente por isso, só Ele pode dizer quem combina com quem. O fato é que não o consultamos quando o assunto é o coração. Nos levamos pela beleza (o que não é errado) e esquecemos de consultar àquele que pode nos dizer se somos o encaixe um do outro ou não.
    Logo, iniciamos um relacinamento baseado em meras emoções, beleza e futilidades. Não buscamos ja de cara apresentar nossos pensamentos e defeitos, visto que estes são jistamente a causa do divorcio. Ninguem se divorcia porque o outro é honesto, tampouco porque é lindo (a), menos ainda porque é gentil ou porque fala bem e é carinhoso (a). Então, se já se sabe que não se separa pelas qualidades, foque um início de namoro em se despirem na revelação dos defeitos.
    Na verdade não diria que se trata de defeito, o que ocorre é que existem temperamentos diferenciados, atitudes diferenciadas, reações diferenciadas, por isso se faz vital a identificação daquele caráter que mais se asemelha a você. E mesmo que se tenha essa identificação, nunca esquecer de consultar o Criador!

    Um abraço,

    Emmanuel

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