“Não dá pra fazer de conta que eles não reagirão…”

Há alguns meses atrás eram apenas uns poucos, mas um número significativo. Não dava IBOP, é verdade, e nem era suficiente para vender jornais. Não sensibilizava a políticos e nem críticos de plantões. Era um Feliciano aqui, uma passeata LGBT ali, reportagens e exposições de corrupção acolá… De repente, uns poucos jovens, homens, mulheres aqui, outros ali… São universitários, são trabalhadores, são grupos, ONGS, militantes partidários, religiosos e minoritários… O povo. A multidão se aglomera em torno de gritos de ordem; de frases criticas; de sentimentos e começa exigir direitos; vergonha, honestidade, decência, dignidade, ética, democracia.

Como há muitos anos não se via, o povo foi às ruas protestar, reivindicar, não havia um único tema; a pretexto de vinte centavos, pela ocasião do ajuste das passagens de ônibus, se fizeram ouvir. As imagens correram mundo, falaram alto, puseram os responsáveis pela nação a pensar. Do dia pra noite a classe política teve que tomar posições; partidos políticos aproveitadores da hora procuraram tirar proveito da situação; e os baderneiros, arruaceiros se puseram no círculo vicioso de manchar impetuosamente a festa da democracia. Mas em tudo isso, uma coisa se pode ver: o Brasil ainda está vivo. E quando sente no calo a dor, sabe gritar. O povo, literalmente, o povo estava nas ruas: “Um filho teu não foge a luta!”.

Tudo isso é claro, tem como contexto entre outras coisas: gastos com obras suntuosos em prol da copa de 2014; a copa das confederações; a PEC 37; temas outros que percorrem os bastidores do Congresso, etc.

Um conjunto de coisas acontecendo, chega uma hora que o povo não aguenta, é preciso tomar uma atitude; e como diz o poeta: “não dá pra fazer de contas, que eles não reagirão” (Pe. Zezinho, scj). O povo foi às ruas.

Pelos acontecimentos, há muito para avaliar. Uma coisa é certa: Os brasileiros não são mais os mesmos “pacíficos”, “dormindo em berços esplendidos”, mas pelo contrário, está maduro e experiente, consequentemente, mais exigente e de olho nos seus líderes e nas suas instituições. Isto se pode concluir.

Um brasileiro indignado é sinal de uma democracia fortalecida e purificada. Essa novela ainda terá mais capítulos. O povo está mostrando que não aguenta mais tanta corrupção, tantos impostos, tanto descaso com as coisas públicas, tanta exclusão, tanto preconceito, tanta mediocridade, tanta indecência. O grito preso, agora ganha às ruas. O recado está dado. O mundo pode aprender com essa novela… Ou será para eles, mais uma notícia?

Quando o povo o quer, sabe como fazer democracia; e partidos políticos fiquem de olhos bem abertos, pois, dessa hora vocês também não escapam. O Brasil não é um ou meia dúzia de partidos que os representa, mas é o povo. O povo não é bobo, aprende a lição e quando aprende faz seu dever de casa.

Vamos minha gente, “Vem, vamos embora que esperar não é saber, quem sabe faz a hora não espera acontece”… E como nos diz e reza o poeta popular:

“Pai nosso, dos pobres marginalizados. Pai nosso, dos mártires, dos torturados. Teu nome é santificado naqueles que morrem defendendo a vida, Teu nome é glorificado, quando a justiça é nossa medida. Teu reino é de liberdade, de fraternidade, paz e comunhão. Maldita toda a violência que devora a vida pela repressão.

Queremos fazer Tua vontade, és o verdadeiro Deus libertador, Não vamos seguir as doutrinas corrompidas pelo poder opressor. Pedimos-Te o pão da vida, o pão da segurança, o pão das multidões. O pão que traz humanidade, que constrói o homem em vez de canhões. Perdoa-nos quando por medo ficamos calados diante da morte, Perdoa e destrói os reinos em que a corrupção é a lei mais forte.

Protege-nos da crueldade, do esquadrão da morte, dos prevalecidos. Pai nosso revolucionário, parceiro dos pobres, Deus dos oprimidos. Pai nosso, revolucionário, parceiro dos pobres, Deus dos oprimidos.

Pai nosso, dos pobres marginalizados. Pai nosso, dos mártires, dos torturados.” (Zé Vicente)

“essa é a nossa nação, essa é a nossa bandeira, por amor a essa pátria Brasil, que a gente segue em fileira!” (Zé Pinto).

Vamos, construamos “um outro mundo possível”.

Sobre Sebastião Catequista 90 Artigos
Olá! Sou Sebastião Catequista. Sou educador popular e narrador dos conteúdos bíblicos. Habito a Igreja Católica e me identifico como tal, meu lugar de fala é a partir das Comunidades Eclesiais, Pastorais e Movimentos Populares. Faço parte do CEBI (Centro de Estudos Bíblicos) da Região Nordeste, Estado de Pernambuco. Atuo como Agente de Pastoral em diversas atividades eclesial. Blogueiro, assessor, palestrante, criador de conteúdos, sou católico de fronteiras: isto é, sou Ecumênico, de profundo Diálogo inter-religioso com outras Tradições Religiosas cristãs e não cristãs. Adoro ler, curtir a natureza, passeios, fotos, músicas e bons filmes. Sinto-me encantado com a Vida e agradecido. Sou um contemplativo nato. Adoro o mundo da Teologia e da Ciência da Religião. Aqui é o lugar onde extravaso as palavras e dou evasão aos pensamentos. Ter sua visita e apreciação de meus textos é uma alegria, um partilhar da vida nessa cativante jornada do dia a dia que é está vivo e caminhar rumo ao Mistério fascinante da Existência. Grato! Seja bem-vindo/a!