Há uma dor. Há muitas dores.
Existe uma dor física derivada de complexos fisiológicos e da in-capacidade do corpo frente aos males que afetam a saúde. E
há dores que produzidas pelo psicológico podem atingir fisicamente o corpo, mas sua abrangência é muito maior e de outra ordem.
Há também dores sociais, que decorrentes das opções feitas ela caracteriza por afetar a produção e as relações aí encontradas.
E ainda há dores, dores do amor e existencial, e essas, como todas as outras podem causa a morte. A morte real, ou a morte simbólica e/ou dos sonhos, desejos e criatividade.
Desse amor, como de todas as outras dores se pode sair, relevar de alguma maneira, às duras penas, é verdade, com alguma sequelas, mas se pode sair. Exige-se forças quase que sobre-humanas e tal força ela aparece quase sempre com algo bem maior que possa sobrepor-se à tragédia anterior.
Uma vez curado dessa dor que é ferida cicatrizada e que não doe mais, porém, deixa marcas e sequelas irreparáveis, é possível viver de novo, não mais como antes, mas se pode construir uma nova história. A vida nessa nova história tem outro e novo sentido que coloca jaz nas cinzas das lagrimas um quase-morto-vivo. Mas há um novo Ser.
Há também uma dor mística. Dessa dor que aponta ausência e solidão do Sentido dos sentidos, que desvela a fragilidade do ser, da alma, do corpo. Essa dor é a dor das dores a pior, porque não há como exprimi-la e nem como expressá-la de uma vez que tudo é insosso, sem nexo, sem sentido, sem tempo e sem espaço. É terrível e paradoxal.
Essa dor não tem limite e seu vazio é ensurdecedor. Só Deus basta, só Ele é a cura. Essa dor é um lapso de milésimos de segundo, um instante e uma eternidade, mas quando curada deixa aquela sensação e o alívio pelo qual todas as outras dores são curadas e inofensivas.
Dor, dores, cada um com sua sensação, intensidade, amores e dissabores.
O que nos resta, então? Deus, Deus, Deus, Deus!