Contradições

Ando meio sem graça ultimamente. Há períodos na vida da gente que é assim. Tem horas que a alegria, a “estrela”, brilha e faz as coisas andarem; em outras, parece que nada anda, tudo é parado, morgado, sem perspectivas; há outras que estamos mergulhados em sonhos, projetos, motivados; e há outros ainda, que paira um “ar” de abusado, acabrunhado, chato, triste, depressivo, lados em que nos isolamos e não o demostramos, sendo gentil e sorridente com quem nos pergunta e nos indaga de como estamos. A vida é assim!

Ocorre que, enquanto assim gira o nosso mundo, procuramos saídas, tentamos vários planos de fugas se o momento é morgado, seco, chato, depressivo; ou a depender em que fase nos encontramos, se “boa”, curtimos o momento cuja palavra para o descrever denominamos de “felicidade”. É! É assim mesmo a vida!

A vida que é feitas de ciclos vai a cada ciclo maturando e nós vamos nos desenvolvendo, criando novas “versões” de nós mesmos. É natural! E cada um de nós, busca cultivar valores, amizades, costumes, hábitos que nos ajudam a sermos versões melhores.

Além do círculo restrito de nossas relações também ter amigos/as são importantes nesse processo de construção de nós mesmos/as e do que chamamos “felicidade”. Participar de um grupo, de uma comunidade, se envolver com algum projeto comunitário, altruísta, solidário, ou mesmo desses grupos coletivos em que a partir do víeis da “qualidade de vida” vivem inventando “aventuras” é muito proveitoso e salvador de vidas, como também ocupa-nos o tempo. Criar relações, histórias de vida, contos e causos para lembrar, rir, memorar, viver. Puxa quanto isso faz bem!

Em toda essa narrativa e vivencia do cotidiano vamos nos “revelando” enquanto pessoa e história de vida. A socialização é um elemento importante para o nosso desenvolvimento e o desenvolvimento da vida.

Mas… há momentos no ciclo de nossa vida que desafios aparecem, como por exemplo, quando em dado momento se tem dificuldade da socialização, quando ela “não flui”; quando nos sentimos perdidos; quando não nos sentimos “parte” processo e não vemos perspectivas. E aí a pergunta naturalmente surge: “O que fazer?”

As receitas, os palpites, as sugestões, os conselhos são muitos e vem de todas as direções, de perto e de longe. Muitos trazem suas próprias experiências e todos tem “boa vontade” porque nos querem ver de “alto astral”, querem que “saíamos dessa” e que olhemos o “mundo ao nosso redor”, que lute, que vá em frente. As vezes dá certo o que dizem estas vozes, as vezes não. As vezes não temos forças e as vezes a depender do grau e do ciclo, precisamos de ajuda profissional.

Mas a melhor ajuda ainda é “você mesmo”, mas você mesmo dentro de um novo contexto. Em uma nova narrativa de sua história. É difícil. Eu sei! Precisa de “tempo”! Dá tempo ao tempo. Entretanto, é preciso dizer: apesar dos que dizem que “o tempo cura tudo” não é verdade. Ajuda mas não é o remédio. Com o tempo, certas coisas, fatos, pessoas, acontecimentos sob a sombra de “muita dor” ajuda-nos, ensina-nos a conviver com tudo isso e criar novas respostas, porém curar jamais. Cicatrizes ficam, mesmo que não doam mais. O tempo ajuda a cicatrizar, mas nem sempre, cicatrizar é curar. As marcas ficam, são parte da nossa história. Pode não doer, não fazer e ter o efeito do início e por um tempo, como teve, mas fica na “carne”, na “história”, faz parte de nós.

O mínimo que podemos fazer é a partir das lembranças fazer uma leitura que nos ajuda a melhorar as versões de nós mesmos no presente e como diz a sabedoria e a canção popular: “ando de vagar porque já tive pressa e levo esse sorriso porque já chorei demais”.

Confesso que não sei como terminar esse artigo. Queria falar das contradições da vida e motivar você meu leitor/a a “pensar” na sua própria narrativa de vida como celebração da vida no sentido de “acasular” (de casulo) novas esperanças nesse ano de 2023 que acaba de começar. Mas enveredei a escrita por outros caminhos… não sei quanto a você, mas passei dois dias maturando as ideias, fui ao parque, às ruas, vi as pessoas, senti a realidade, escutei vários estilos de música, olhei a lua, contemplei por horas os céus, assisti TV, olhei o Instagram, lembrei de algumas amigas, olhei vários livros que estou lendo e que parei por esses dias, lavei roupas, fiz a higiene da casa em que moro, senti o frio e o sol, olhei coisas e seres vivos como uma formiga passando, uma lacrau quieta, vi pessoas andando, vi o sol nascer e se pôr. Olhei fotos, muitas fotos e vi nelas pessoas que já partiram dessa para outra vida, vi pessoas que faz tempo que não vejo, vi pessoas que me bateu saudades e lagrimas porque não sei onde estão ou o que fazem, e rezei, rezei profundamente. E ai me dei conta do ciclo da vida [como no filme do “Rei Leão] e de suas contradições. Resultado foi esse texto que agora compartilho com você.

Gastei todo esse tempo para escrever, sentido cada instante e cada ação da vida. Escrevi porque tenho extrema necessidade de o fazer, e mais ainda, de compartilhar, porque não existo para mim mesmo e ninguém é “feliz” só consigo mesmo e para si mesmo. Se você se identifica com essas linhas seu cometário chegará até mim e como Maria mãe de Jesus, que ao visitar sua prima Isabel, exultou de alegria, meu coração pulsará na mesma frequência do seu pelo simples fato de saber que como eu sua vida passa por ciclos e que a cada ano tentamos ser versões melhores de nós mesmos, apesar das contradições que a própria vida nos apresenta. Abençoado/a seja.

Feliz Ano Novo!

Sobre Sebastião Catequista 94 Artigos
Olá! Sou Sebastião Catequista. Sou educador popular e narrador dos conteúdos bíblicos. Sou Catequista. Habito a Igreja Católica e me identifico como tal, meu lugar de fala é a partir dos Grupos e Comunidades Eclesiais (ceb's), Pastorais e Movimentos Populares. Faço parte do CEBI (Centro de Estudos Bíblicos) da Região Nordeste, Estado de Pernambuco. Atuo como Catequista e Agente de Pastoral em diversas atividades eclesial. Blogueiro, assessor, palestrante, criador de conteúdos, sou católico de fronteiras: isto é, sou Ecumênico, de profundo Diálogo inter-religioso com outras Tradições religiosas cristãs e não cristãs. Adoro ler, curtir a natureza, passeios, fotos, músicas e bons filmes. Sinto-me encantado com a Vida e agradecido. Sou um contemplativo nato. Adoro o mundo da Teologia e da Ciência da Religião. Praticante da espiritualidade dos Padres do Deserto e da Oração de Jesus, aqui compartilho textos diversos, reflexões, estudos em torno da fé, da espiritualidade, da catequese, da liturgia, da teologia de modo geral, do ecumênismo e do diálogo religioso cristãdas. Agradeço sua visita e apreciação de meus textos. Seja bem-vido(a)! Que a Paz esteja contigo e que nosso blog te possa ser útil na jornada da Vida. Boa leitura!

2 Comentários

  1. Sim, esse texto se identifica comigo e acho que se identifica com todas as pessoas, pois a vida é assim, “cheia de altos e baixos”.
    Feliz ano novo pra você também

  2. Gostei do texto, muito bom mesmo, faz a gente refletir e sair do cotidiano louco das vida, principalmente eu que acompanho todas as loucuras políticas que estão acontecendo. O texto faz a gente sair um pouco desses acontecimentos e crises que estamos vivendo.

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