Feridas…

Por Sebastião Catequista

Falar de sentimentos é muito complexo! A depender do que e de quem, em que situação e contexto, pode ser que sua fala não seja compreendida, que seus sentimentos não seja levado em conta, que sua exposição seja arriscada! Expor-se é sempre uma faca de dois gumes: pode fazer bem, como pode fazer mal. Vai depender da leitura e de como o olhar do outro vai ler o exposto.

Aqui nesse artigo, vou falar de situações e sentimentos reais. Coisas que acontecem no dia dia da gente e que muitas vezes não nos damos por conta. É claro que não estou falando de mim e nem de você nas situações relatadas, mas de nós… quem não já passou por isso alguma vez? Entretanto, o que apresento nessa narrativa é uma fato da vida que nos leva ao autoconhecimento de nós mesmos e dos nossos sentimentos.

Apesar da narrativa, dos sentimentos, e da interpretação que vamos tecendo no enredo, não significa que esteja falando de mim ou de você, mas de nós, e o foco é o sentimento que a narrativa traz consigo e que compõe a nossa leitura de interpretação como autoconhecimento. O resto é por sua conta e leitura.

Assim dito vamos à narrativa!

Ao ser visitado pelas lembranças, emerge do mais profundo da psiquê da alma aquelas feridas que sem o saber, perceber e nem os olhos veem, se introjetou dentro de nós mesmos em algum dado momento. Ainda que sendo “águas passadas” tais lembranças emitem aquela “dor” imaginária de não ter sido lembrando, e se o foi, não foi convidado para “aquela festinha” ou “reunião de amigas/os” cujo evento, para além dos comes e bebes, havia convivência, presença, e conversas, todas embaladas por músicas, danças, histórias, testemunhos, lembranças e quem sabe, revelações particulares dita no embalo das emoções do momento de uns com os outros a apostar no futuro próximo. Não me convidaram!

Num dado momento, amigas/os marcam de “sair” e não lhe convidam! Ou num dado momento você aparece e estão todos “festejando” e você nem sequer foi lembrado/a e se o foi, não foi convidado/a. Só Deus sabe lá quais argumentos conversaram para não lhe consultar. E mesmo que lhe convidem na hora para ficar, sem graça, uma desculpa qualquer lhe tira dali, com alegria e pressa no rosto, escondendo uma tristeza da alma. Só Deus sabe o que se passa pela sua cabeça nesse momento…

Mesmo que, você não curta o “programinha culinário” dos alimentos ou bebidas, ou mesmo aquela música alta ensurdecedora e de estilo cuja letra não edifica e cujo ritmo e barulho fazem o corpo balhar, enquanto sem criticidade, se sorrir, por achar “da hora” ou engraçado, o que está em jogo não é esse teatro, mas as relações que fluem entre diálogos, sorrisos, danças e expressões.

Afinidades à parte dos que estão presente, pelo gosto desse tipo de encontro (alimentos, bebidas, músicas), o que dói não é você está presente, mas o fato de mesmo lembrando de você, não lhe convidaram.

Não é talvez culpa deles/as! Talvez pelo seu próprio temperamento ou quem sabe o “esteriótipo” que leem de você, não os motivou a convidá-lo/a. E quem sabe pode-se ter mil e um outros motivos. O fato é que, você não está ali com o grupo, que certamente são pessoas de sua mais estreita intimidade ou relações. Alguns depois em suas falas podem até argumentar as motivações do não convite, mas já passou. E sua psiquê já registrou a “dor” que cedo ou tarde há de vir à tona. E o que fazer?

Nada necessariamente, mas com esse episódio se pode aprender a lhe dá com os seus sentimentos, promovendo-lhe o autoconhecimento de si mesmo. Apesar de ser “uma rejeição” e é muito complexo lhe dá com esse sentimento, o foco do seu olhar e do seu autoconhecimento não deve ser tal “rejeição”, pois de algum modo, ela é fictícia, dado que, essas pessoas não lhe rejeitaram, mas, devido a contextos e por conhecer seus hábitos em parte, não a convidaram por entender o que entenderam. A palavra de “ordem” talvez que esteja por trás dessa narrativa seja exatamente de ressignificação do fato e de se recriar, se reinventar. Se abrir cada vez mais a uma nova e melhor versão de você mesmo e de suas relações.

O que não se pode é dar evasão aos sentimentos a partir de um olhar de autopiedade, de vítima, de coitadinho, de excluído, mas se perceber como altruísta de si mesmo. Forjar contextos e situações em que se trabalhe as suas relações de sociabilidade.

Enfim, é preciso investir “tempo” no autoconhecimento e na percepção do que nos acontece ao nosso redor. Quanto ao ser chamado ou não chamado para a “balada” ou “passeio” na hora pode não ter tido importância, e talvez você nem quisesse ir, está ali. Mas o simples fato de não ser convidado, machucou. E o cérebro da psiquê, anotou, registrou, e o guardou no subconsciente, e para quem não se auto reconhece essa conta uma hora chega. E a ferida sangra!

Cuidemos da mente, cuidemos da vida!

Sobre Sebastião Catequista 90 Artigos
Olá! Sou Sebastião Catequista. Sou educador popular e narrador dos conteúdos bíblicos. Habito a Igreja Católica e me identifico como tal, meu lugar de fala é a partir das Comunidades Eclesiais, Pastorais e Movimentos Populares. Faço parte do CEBI (Centro de Estudos Bíblicos) da Região Nordeste, Estado de Pernambuco. Atuo como Agente de Pastoral em diversas atividades eclesial. Blogueiro, assessor, palestrante, criador de conteúdos, sou católico de fronteiras: isto é, sou Ecumênico, de profundo Diálogo inter-religioso com outras Tradições Religiosas cristãs e não cristãs. Adoro ler, curtir a natureza, passeios, fotos, músicas e bons filmes. Sinto-me encantado com a Vida e agradecido. Sou um contemplativo nato. Adoro o mundo da Teologia e da Ciência da Religião. Aqui é o lugar onde extravaso as palavras e dou evasão aos pensamentos. Ter sua visita e apreciação de meus textos é uma alegria, um partilhar da vida nessa cativante jornada do dia a dia que é está vivo e caminhar rumo ao Mistério fascinante da Existência. Grato! Seja bem-vindo/a!

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