Porque rezamos?

Por Sebastião Catequista

Por quê rezamos? Foi a pergunta que me veio após as laudes da manhã tendo como contexto algumas situações que nesses últimos dias temos visto por ai. Ao pensar no assunto e conversando com amigos/as me dei conta dos anos em que dia após dias afio nos debruçamos à oração devota e ininterrupta. E mediante essas realidades e reflexões me dei conta da necessidade da oração e de sempre ter em mente por que oramos.

Por que rezamos ou oramos? Por que há a necessidade de orar se Deus já conhece e sabe de todas as nossas necessidades? Por que orar todos os dias e incansavelmente? Por que ano após anos vamos às celebrações e dedicamos no dia a dia alguns momentos à lembrança de Deus agradecendo o seu amor, sua proteção e sua presença em nossa vida? Por que nos recomendamos a Deus recomendamos aqueles que nós amamos?

Deus não necessita de nossas orações e de nossas bajulações à sua pessoa. Mas se o fazemos, o fazemos por amor a Ele e por nós mesmos. Rezamos não porque Deus precisa de nossa oração mas porque nós mesmo é que precisamos. Rezamos porque acreditamos que através da oração nos tornamos pessoas melhores do que somos. Rezamos para nos humanizarmos mediante as desumanização do dia a dia das nossas vidas em meio ao caos que o mundo está.

Quando rezamos pelas pessoas e rezamos por nós mesmos a ideia é de sermos mais humanos, sensíveis uns aos outros, mas cuidadosos, mais perdoadores, mas empoderados, mais esperançosos, mas cuidadores um dos outros. Se a nossa oração não consegue nos transformar por dentro e por fora, alguma coisa errada está na nossa oração ou em nós mesmos. Uma oração que nos faz mais religiosos e menos humanos é demoníaca e não corresponde a oração cristã e muito menos a vontade de Deus. Pelo menos não o Deus de Jesus.

Se rezarmos ano por ano a fios e essa oração não me ajuda a ser compassivo, benevolente, menos acusador e julgador das outras pessoas, se essa oração não me ajuda a vencer o egoísmo, o ódio, a raiva, o preconceito, então alguma coisa está errada e é preciso rever essa oração ou minha postura de orante. Rever nosso conceito de religião, de oração, e nossa relação com Deus.

O poder da oração é estarmos em sermos pessoas melhores sermos novas e melhores versões de nós mesmos perante o Sagrado que está nos sagrados da vida. Pois a vida sem oração é muito dura e vazia, e a vida com oração tem um sentido que nos escapa aos próprios sentidos e nos concede uma força inexplicável para superar as reveses do dia a dia e não deixar sucumbir o que de melhor existe dentro da gente enquanto filhos e filhas de Deus.

Rezar faz bem, sobretudo para quem reza, mas se não nos deixamos transformar pela reza que rezamos é inútil rezar. Se não nos deixarmos nos transforar pela oração que rezamos, ela se torna estéril e idolatria de nós mesmos. Nos fechamos à graça de Deus.

A oração é uma necessidade da alma é uma necessidade da existência é uma necessidade como o ar, como o alimento, como a necessidade de proteção, de um abrigo, e como uma necessidade de amar. Se faltar a oração em nossas vidas somos mortos vivos e não conseguimos intuir o sentido mais profundo de estarmos aqui. Então é preciso rezar e rezar sempre com olhos bem atentos a nós mesmos ao que está ao nosso redor, e prestar bem atenção na oração que fazemos. Rezar é uma necessidade da alma e precisamos rezar rezar sempre.

Pensando assim, escrevi esse texto. E ao terminá-lo, me dei conta de que fui transformado literalmente, como numa iluminação. Percebi que se hoje sou uma pessoa menos des-humana e menos in-sensível, mais perdoador, mais amoroso, mais cuidador da vida alheia, mais auscultante do silêncio e mais contemplativo e oblativo foi porque a minha oração como numa UTI da alma, cuidou de mim. E nesse caso, todo santo dia, busco minha melhor versão com esse “colírio” dos olhos da alma, perante o divino Sagrado, e o divino Humano nos humanos.

Rezemos! Rezemos sempre! Em alguma coisa há de nos fazer bem! Boa oração para você.