O que é o amor?

Por Sebastião Catequista.

É complicado “conceituar” o amor. O que é amor para uns pode não ser a mesma coisa para outros, porém, há no senso comum um conceito geral sobre o amor que está ligado ao modo de pensar e agir, condicionado a diferentes fatores, como por exemplo, a religião, a cultura patriarcal, a cultura capitalista, a cultura moderna, etc. A depender desses e tantos outros fatores o ato de amar e ser amado também depende da vontade e dos interesses que está por trás desse ato nas vida de duas pessoas que se propõem a um projeto de vida com base no amor.

O amor assim compreendido tem de certo modo, podemos dizer assim, um “padrão” peculiar de existir com toda uma complexidade. Um “amor saudável” bem sucedido é motivo de alegria, esperança, motivação, felicidade; contudo, um amor não “correspondido” ou até mesmo ludibriado, enganado, traído, pode acarretar em um “amor doentio” cuja consequências são as piores possíveis com nefastas ervas daninhas para o resto da vida. São tantos os exemplos: uma pessoa que se sentiu traída e não consegue dar continuidade à vida e cai no mundo do álcool; outra que perdeu o senso da realidade e se tornou transloucada; outra que perdeu todo sentido da vida e se torna vítima do suicídio; outra que, não consegue ter forças e voltar à vida natural e recomeçar; outras que não acreditam mais no amor ou no ser humano e cultiva desconfiança ou ódio, e isso sem mencionar casos extremos, etc.

O amor dá sentido a vida e sua ausência a deixa vazia e sem perspectiva.

Há uma certa verdade na afirmação de que muitas doenças que habitam corpos são de certo modo oriunda de relação pessoal complexa, abusiva, vazia, sem amor e por isso mesmo susceptível de doenças. Uma relação sem amor gera uma mente e um corpo doente podendo levar à morte.

Nunca fomos educados para o amor! Para o ato de amar. Ele acontece em nossas vidas por “osmose” ou seja, vamos absorvendo e aprendendo a amar através das experiências vividas boas ou ruins conforme certo grau de entendimento aprendido de nossos pais, amigos, agregados ou a partir de um conhecimento ou valores recebidos de uma tradição qualquer, como por exemplo de uma tradição religiosa, filosófica, teológica, acadêmica ou familiar. Mas educados para amar, nunca. Não há uma “escola do amor” ou que nos “prepare” para amar e ser amado. A própria vida é que vai nos ensinando “na torá”.

Há casos de pessoas que viveram toda uma vida e nunca souberam o que é amar “de verdade” enquanto há outros que, aprenderam a amar tarde na vida. E isso lhe foi algo extraordinariamente libertador, sem palavras, uma experiência indizível. Apesar do amor acontecer na vida das pessoas, sua experiência é única, e prescinde de histórias, de contextos, de situações diferentes e diversas com compreensões sobre sua presença e eficacia também muito diferente, daí entender porque é sempre complicado querer conceituar o amor, pois ele não cabe na caixinha dos conceitos, contudo, sua realidade é libertadora, produtora de sentido, transforma vidas. É verdade que sua ausência tem o efeito em contrário, mas é preciso está sempre aberto à essa experiência de amar e ser amado.

Na atual conjuntura social o amor não é um valor a ser cultivado, mas produto comercializado. As relações são por causa disso superficiais, “coisificadas”, líquidas, que acaba por causar uma baixa estima. E não é porque o amor esteja ausente dela, isso não. É que a atual geração não foi ensinada a amar. As relações e o amor está em função do prazer e da produtividade e bem-estar. Não configura como um valor primordial e de sentido.

Amar e ser amado requer uma consciência de obração, de entrega, de liberdade, de confiança e de gratuidade. É preciso “descapitalizar” o amor. É preciso “desprodutalizar” o amor. É preciso “descomercializar” o amor. É preciso trazê-lo de volta ao seu sentido real e à sua função nas relações sociais e pessoais.

Hoje, o mundo precisa de atos fortes, impactantes, produzidos pelo amor, por pessoas que amem simplesmente e livremente das amarras que a sociedade impôs sob o amor. Precisamos de exemplos de amantes que amam verdadeiramente. Eles existem e estão por aí… só não estão nos holofotes da mídia e da internet, mas estão de algum modo no meio do povo.

Não fomos educados e nem ensinados para amar… mas, de algum modo podemos ainda aprender a amar. Fazer a experiência do amor genuíno.

Sobre Sebastião Catequista 90 Artigos
Olá! Sou Sebastião Catequista. Sou educador popular e narrador dos conteúdos bíblicos. Habito a Igreja Católica e me identifico como tal, meu lugar de fala é a partir das Comunidades Eclesiais, Pastorais e Movimentos Populares. Faço parte do CEBI (Centro de Estudos Bíblicos) da Região Nordeste, Estado de Pernambuco. Atuo como Agente de Pastoral em diversas atividades eclesial. Blogueiro, assessor, palestrante, criador de conteúdos, sou católico de fronteiras: isto é, sou Ecumênico, de profundo Diálogo inter-religioso com outras Tradições Religiosas cristãs e não cristãs. Adoro ler, curtir a natureza, passeios, fotos, músicas e bons filmes. Sinto-me encantado com a Vida e agradecido. Sou um contemplativo nato. Adoro o mundo da Teologia e da Ciência da Religião. Aqui é o lugar onde extravaso as palavras e dou evasão aos pensamentos. Ter sua visita e apreciação de meus textos é uma alegria, um partilhar da vida nessa cativante jornada do dia a dia que é está vivo e caminhar rumo ao Mistério fascinante da Existência. Grato! Seja bem-vindo/a!

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