Como nasce um cristão?

Por Sebastião Catequista.

Essa é uma pergunta teológica densa e complexa. Todos nós sabemos que ninguém nasce cristão, já dizia um dos Padres da Igreja primitiva, Tertuliano. As pessoas se tornam cristãs pela adesão a Jesus e seu Evangelho. Essa adesão é formalmente registrada como pertença a Comunidade de fé – a Igreja. O símbolo máximo que dá pertença, direitos e deveres na instituição Igreja é o Batismo. O Batismo é o ritual de iniciação e pertencimento ao Cristianismo incorporado nas diversas Igrejas espalhadas pelo mundo Ocidental e Oriental. Quem é batizado “corretamente” é cristão.

Ninguém se faz cristão a si mesmo, mas esse é introduzido na fé cristã da comunidade pela escuta da pregação, pela a adesão pessoal e pela imposição do rito do batismo realizado pela comunidade ou seu representante legítimo. Dessa forma a pessoa se torna cristão e membro da Igreja uma poderosa instituição milenar, seja ela de matriz católica ou protestante.

É assim que atualmente nasce um cristão e este pertence ao Cristianismo – movimento e religião que se diz herdeiro legítimo de Jesus e seus Discípulos. E o Cristianismo por sua complexidade histórica não é hegemônico. Não temos um único cristianismo mas, vários cristianismos dentro do Cristianismo. Ele é como uma “colcha de retalhos” e isso ilustra e demostra sua riqueza e sua fraqueza em suas várias narrativas e expressões.

Desse modo, podemos intuir que os cristãos também com seus diversos cristianismos são também diferentes entre si quando exprimem sua narrativa e testemunho de fé. Não existe “um modelo” de cristão, mas “vários modelos” de cristãos e cristianismos como é dito acima.

No Brasil tais narrativas vivem um processo complexo ora de repulsa, ora de tolerância pacífica entre si, ora de acordos conforme interesses políticos morais e sociais comuns. Exemplo disso foi o pleito eleitoral político de 2022. Nele, grupos cristãos tanto católicos como protestantes que antes se “estranhavam” religiosamente e doutrinalmente, se unem politicamente para defender pautas morais e ultraconservadora da extrema direita política contra também grupos cristãos mais liberais tanto católicos como protestantes com pautas sociais e culturais abertas da esquerda no Brasil.

Tal exemplo nos mostra como algo que parecia impossível de acontecer, aconteceu. Mas mesmo “unidos” por “acordos” que garantam uma “agenda comum” nunca tais grupos mantém uma unidade de fé e nem uma narrativa coesa de sua leitura e interpretação do Cristianismo em si. Nesse sentido é impossível acontecer apesar de “milagres” existirem. Seja como for, no Brasil e no Mundo, só há um jeito de nascer cristão: pelas “águas do batismo”, mas expressar a identidade cristã, há várias rostos, narrativas e matrizes.

E você? Como vê o Cristianismo e o jeito de ser cristão? Qual a sua identidade narrativa cristã?

Sobre Sebastião Catequista 90 Artigos
Olá! Sou Sebastião Catequista. Sou educador popular e narrador dos conteúdos bíblicos. Habito a Igreja Católica e me identifico como tal, meu lugar de fala é a partir das Comunidades Eclesiais, Pastorais e Movimentos Populares. Faço parte do CEBI (Centro de Estudos Bíblicos) da Região Nordeste, Estado de Pernambuco. Atuo como Agente de Pastoral em diversas atividades eclesial. Blogueiro, assessor, palestrante, criador de conteúdos, sou católico de fronteiras: isto é, sou Ecumênico, de profundo Diálogo inter-religioso com outras Tradições Religiosas cristãs e não cristãs. Adoro ler, curtir a natureza, passeios, fotos, músicas e bons filmes. Sinto-me encantado com a Vida e agradecido. Sou um contemplativo nato. Adoro o mundo da Teologia e da Ciência da Religião. Aqui é o lugar onde extravaso as palavras e dou evasão aos pensamentos. Ter sua visita e apreciação de meus textos é uma alegria, um partilhar da vida nessa cativante jornada do dia a dia que é está vivo e caminhar rumo ao Mistério fascinante da Existência. Grato! Seja bem-vindo/a!

3 Comentários

  1. Minha identidade em relação ao Cristianismo se perdeu no tempo… Hoje vejo mais como uma ação puramente cultual e tendendo ao neopentecostalismo, mediático e midiático.. exemplo e modelo eclesilogico autêntico seria o modelo das CEBs… Um pouco esquecido nos dias de hoje…. Por isso minha concepção se perdeu no tempo…

  2. Texto perfeito! O Batismo é a porta de entrada na comunidade de fé! Hoje mais-que-tudo nunca as palavras de Tertuliano (Cristãos não se nasce torna—se) são uma realidade concreta. Não basta expressar que é Cristão, se faz necessário conhecer e fazer a Experiência de Jesus. Como bem diz o padre Zezinho na Canção: Amar como Jesus amou! Só então teremos a clareza de que estamos vivendo a autenticidade do seguimento e defendendo os valores anunciados por Ele sem fanatismo!

    • Excelente texto para reflexão do que se entende por Cristianismo!! Concordo com sua colocação, Sebastião! Existem várias formas e interpretações sobre o seguimento de Cristo! Podemos até dizer que umas mais próximas e outras readaptadas. Frente a isso, afirmo que prefiro ler a Bíblia (considerando que esta tem várias traduções) para refletir sobre “os passos reais de Jesus”. Sou do seguimento do catolicismo, todavia costumo sempre questionar alguns ritos e comportamentos quando percebo que diante de algumas leituras já realizadas da palavra de Deus, estes não condizem com o que nos ensinou o próprio Cristo. Enfim, somos homens imperfeitos e pensantes, bem minúsculos diante da grandeza de Jesus Cristo! E assim, fico com uma das mais belas afirmações de Deus que nos diz que, nossos pensamentos não alcançam os seus pensamentos, pois afinal, Ele é Deus!!! Mas, tentamos todos os dias ser um pouco de Cristo e isso já é uma ótima opção para quem deseja o reino dos céus.

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