Solidariedade feminina

Fui visitar uma amiga, não lembro a motivação da visita, mas estive em sua casa e conversamos sobre vários temas. Entre os quais a solidariedade feminina. Tínhamos em comum vivenciado experiências de solidariedade, porém com personagens e histórias distintas. De nossa conversa e do que  tempos depois passei a “ver” com um olhar mais crivo sobre essa realidade, rendeu o texto que agora socializo com você. 

O que vimos e ouvimos? Salta aos olhos a grande capacidade de sensibilidade e articulação das mulheres em se ajudarem mutuamente em meios aos problemas da vida. Sobretudo, se esses problemas são psicossomático, sociais e de relações interpessoais ou de ordem mais concreta como emprego, fome, doença, ansiedade, depressão, traição, etc. Isto é visível quando uma delas, ao menor sinal de problemas, socializa com as amigas próximas, suas necessidades e desafios. Estas outras por sua vez se articulam numa rede de solidariedade entre si e vêm em socorro daquela que está precisada. Pronto! Aí acontece uma “rede de solidariedade” simples, espontânea. Uma amiga conversa com outra amiga, que conversa com outra, e de repente, aquela que está com problemas é cercada de cuidados discretamente.  A partir daí surge uma maratona de ideias e situações envolvendo um processo que visa a qualidade de vida não só da que está com problema, mas de todas as envolvidas. E muitas não se dão conta desse “processo”. Assim, aparece uma atividade de lazer qualquer: grupo de dança; grupos de autoajuda; academia; um passeios; uma caminhada; um passeio de bicicletas; um rodízio econômico; cestas básicas; etc. Uma rede de mútua ajuda é montada ou vivida de forma espontânea ou planejada em torno daquela pessoa.

Ao olhar para essa realidade, percebemos que houve uma mudança de vida, de hábitos, inclusive proteção contra a solidão doentia, o isolamento social. As mulheres, sobretudo as que estão com problemas e pelas quais se mobilizou toda uma teia de solidariedade recuperou sua capacidade de empoderamento. Construiu-se ou se aprofundou ainda mais as relações de amizade. A empatia à flor da pele construiu novas relações e novas perspectivas dentro desse universo feminino. E não precisou “de muito” para isto acontecer. A solidariedade feminina é salvadora de vida e acontece discretamente em pequenos grupos de mulheres…

Isto foi para mim, provocativo! Depois daquela conversa passei a olhar mais para essa realidade com “curiosidade” de “pesquisador”. Quis tão somente “compreender” os mecanismos e os processos pelos quais essa solidariedade acontecia e o que as motivava tanto. Também em algum momento da vida e ainda hoje fui e sou objeto da solidariedade feminina (graças a Deus). E isto me provocou a olhar também o mundo masculino. Mas, essa é outra história! O que aqui narrarei enquanto narrativa traz para mim e para você leitora/o, uma provocação… pensar as relações humanas e nossa capacidade de nos mover em empatia pelo outro. Ver o outro em suas necessidades e a partir dele a nós mesmos em nossas necessidades mais básicas. Precisamos uns dos outros! Essa é uma dura verdade de engolir. Pensar como lhe damos com essas necessidades e a partir delas como acontece nossa rede de relações, é importante. Somos humanos e na atual conjuntura da pós-modernidade é preciso exercitar mais nossa capacidade de empatia e solidariedade tanto conosco como com os outros. O que você acha? Conhece ou já vivenciou uma experiência assim? 

Sobre Sebastião Catequista 90 Artigos
Olá! Sou Sebastião Catequista. Sou educador popular e narrador dos conteúdos bíblicos. Habito a Igreja Católica e me identifico como tal, meu lugar de fala é a partir das Comunidades Eclesiais, Pastorais e Movimentos Populares. Faço parte do CEBI (Centro de Estudos Bíblicos) da Região Nordeste, Estado de Pernambuco. Atuo como Agente de Pastoral em diversas atividades eclesial. Blogueiro, assessor, palestrante, criador de conteúdos, sou católico de fronteiras: isto é, sou Ecumênico, de profundo Diálogo inter-religioso com outras Tradições Religiosas cristãs e não cristãs. Adoro ler, curtir a natureza, passeios, fotos, músicas e bons filmes. Sinto-me encantado com a Vida e agradecido. Sou um contemplativo nato. Adoro o mundo da Teologia e da Ciência da Religião. Aqui é o lugar onde extravaso as palavras e dou evasão aos pensamentos. Ter sua visita e apreciação de meus textos é uma alegria, um partilhar da vida nessa cativante jornada do dia a dia que é está vivo e caminhar rumo ao Mistério fascinante da Existência. Grato! Seja bem-vindo/a!

2 Comentários

  1. Parabéns amigo, por ter um olhar especial que observa com tanto amor a diversidade da raça humana

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