Sombra

Por: Sebastião Catequista

Sombra é um fenômeno que nos acontece quando a luz incide sobre nós a partir de certo ângulo de posicionamento perante a luz. Ora, a pessoa iluminada em certa posição, causa um efeito surpreendente de sua própria imagem.

Em várias ocasiões esse fenômeno é usado metaforicamente para se referir a alguns fatos da vida cotidiana. Ex.: “Que a sombra do Altíssimo de cubra de bençãos!”. Sombra aqui, é evocada como sinônimo de proteção. Percebe? E aqui nasce essas linhas que partilho com você sobre uma realidade que tem como metáfora a sombra. Vejamos, então!

Sombra pode ser uma coisa boa ou ruim. A “sombra” pode ser um “porto seguro” ou uma “casa da escravidão”. Pode ser uma pessoa, um fato ou uma situação. Pode ser “zona de conforto” ou nossa “corrente” de escravidão. Pode ser “casa da liberdade” ou nossa “doce ilusão”. Seu poder de influência e ação sobre nós mesmos vai depender do quanto lhe concedemos de “tal liberdade” escamoteada com nome de “família”, “parente”, “agregado”, “cônjuge”, etc.

Há pessoas que vivem à sombra de sua própria fantasia e medo. Que vive sua vida ofuscada por uma sombra “imaginária” ou “real”. Essa “sombra” pode ser uma situação, uma pessoa familiar próxima, um parente ou mesmo um agregado. Talvez pode ser também uma situação de vida. Essa “sombra” é uma zona de conforto e de certo modo um empecilho à liberdade de vida, a ousar novas realidades e situações. Ela pode ser em nós consciente ou inconsciente.

Há pessoas que querem construir ou reconstruir sua vida mas, por viver à sombra da família ou de uma pessoa cujo entorno dela todos se movem, essa pessoa não consegue dar passos. Teme as reações contrárias, teme que sua ousadia e “aventura” não der certo e tenha que voltar atrás. E o voltar causaria além de humilhação, uma situação pior, desagradável, que afetaria as relações de onde anteriormente vivia e com quem convivia. Voltaria à sombra!

Há casos em que, pessoas querem ter uma vida, mas as condições reais não lhe permite avançar. Nesse caso fica a mercê de um parente, ou dos amigos/as, ou de uma instituição que a mantém refém de seu próprio medo. Eis de novo a sombra!

Essa “sombra” que paira em sua vida não a permite arriscar, ter coragem, sair de sua zona de conforto, de seu “Egito”… Falta forças, coragem, contexto e garantias no se arriscar. Nesse caso a sombra se torna um porto seguro, porém, causadora de escravidão. O que fazer?

Em todos esses casos e outros mais, a palavra de ordem é: Se arriscar. Quebrar o vinculo, sair da sombra, exercer o protagonismo, criar e forjar situações que indiquem sinais de libertação. Entretanto, deve haver para isso uma dose de “loucura”, de “sabedoria”, e um “senso” muito fino em relação à vida. Porque se acontece da pessoa “meter os pés pelas mãos” para se livrar da sombra, corre o risco de perder a própria vida. É preciso um “justo equilíbrio” para de um lado não ficar refém da sombra e por outro não se aventurar demasiada sem que se acerque dos meios necessários à vida. Porque não se trata só de se libertar da sombra, ou de arriscar uma libertação e liberdade inconsequente, mas de dar sustentação a vida. E vida com dignidade, qualidade, que permita uma nova história.

Há que se ter e saber fazer a leitura da “justa medida”. Sombras sempre vão existir. E essas não são o problema, mas sim, o quanto deixamos ela tomar “posse” da nossa vida. O quanto fazemos dela nossa “zona de conforto”. E a isso nos acostumamos.

“Sombras” são metáfora da vida quando nos deparamos com os desafios e somos puxados de uma lado para o outro. Elas podem ter o seu lado positivo ou negativo, mas quem faz ela ser o que é, somos nós mesmos. Elas podem ser boas ou ruins, não importa, se a deixarmos dar o “tom” de nossa vida e a isso nos acostumarmos. É preciso coragem e olhos bem abertos, é preciso sabedoria e ousadia para construir ou reconstruir a vida e entender que a sombra por um tempo pode ser nosso amparo ou nossa “casa grande” da escravidão. Olhos bem abertos, e um pouco de fé em si mesmo e em Deus se não faz mal, com certeza, bem nos fará.

Então, diga você: Conhece pessoas que passam por essa situação? Que tem tantas “sombras” dentro de si, que não consegue à sombra, dar passos, ser feliz? Então, reza, reza, ora por ela. Em alguma coisa para você e para ela, a oração há de fazer bem, sobretudo, se acompanhada de um diálogo e uma boa reflexão. Não achas?! Abençoado/a sejas!

E que tal compartilhar aqui seu comentário? Interagir com outros leitores e construir relações libertarias? Esteja bem!