Por Sebastião Catequista.
Passamos a vida colecionando coisas, adquirindo bens, entulhando objetos, sempre pensando que “amanhã” faremos isto ou aquilo; que precisamos disto ou daquilo outro; que temos sonhos, projetos, e assim, vamos juntando no entorno de nosso habitat e de nossas vidas um patrimônio sempre pensando que “amanhã” usaremos para algo ou uma necessidade. Desse modo vamos acumulando “bens” que aos poucos vai nos definindo e desenhando o nosso mundo. Eles dizem algo de nós, de nossa psiquê, de nosso vazio, de nossas relações e do que realmente é importante para nós. É o nosso mundo… é o nosso “Eu” dentro de muitos e tantos “eu’s” que temos e que ao longo do caminho vão aparecendo.
Também é verdade que colecionamos no entorno da vida e das relações “vidas” que nos importam. Elas aparecem nas relações das amizades que no caminho da Existência vão aparecendo. É um parente, um agregado, um/a esposa/o, filhos/as, primos/as. Um/a vizinho/a, um/a conhecido/a, uma pessoa de convivência diária no e do trabalho, aquela pessoa lá do barzinho ou do futebol, ou de qualquer outro esporte, uma pessoa das aventuras afins, alguém que vi uma ou duas e talvez três vezes ou mais, aquela pessoa que não é nada, mas, nos vemos todos os dias no ponto coletivo de transportes e dele nos servimos. Enfim, são tantas as “coleções” que vão ao longo dos anos fazendo parte e compondo a nossa história de vida e nosso mundo pessoal.
Também, nos agrega à vida além de objetos e pessoas, nossos queridos animais de estimação. Eles dão um colorido as nossas vidas, quando não muito, são as únicas vidas que nos importam em certas condições e situações de vida, como as pessoas que vivem sós, por algum motivo e circunstâncias.
E neste cenário vamos compondo nossas vidas, nossas histórias, nossa alteridade e identidade. Uma vida “calma” com seus desafios e problemas do dia a dia em que nos acostumamos a viver sem muito “pensar” no “amanhã” sem esperar que “surpresas” que num instalar dos dedos mudam completamente nossas vidas, nossas perspectivas e expectativas possam acontecer. É este cenário e momento que estão vivendo milhares de brasileiros com o “caos” em suas vidas provocado pelas enchentes e o “desabar dos céus” sobre suas/nossas cabeças.
Nesta hora vale em meio ao turbilhão do caos e da solidariedade e sem nada, tendo apenas o mínimo do mínimo, perguntar-nos: o que importa? O que realmente nos importa para nossa existência, nossa vida aqui e agora?
Essa pergunta mais que retórica nos leva a pensar nos “valores”, nas “pessoas”, e no que “realmente” importa para nós. Nos faz pensar na derradeira e “última” coisa que nos importa ou nas “ultimas” coisas que nos importam enquanto o essencial para viver. Ela nos coloca diante do vazio, do tempo, do nada, e ao mesmo tempo nos mostra por assim dizer, o que realmente importa-nos através da solidariedade das pessoas que muitas vezes não conhecemos e que nos dizem do “humano” que ainda somos. São tantas as questões que poderíamos pensar, conversar, debater, concordar, discordar, e ver. Mas, uma coisa é certa: esse e tantos outros episódios que acontecem, e os que vão acontecer, nos reportam sempre a mesma pergunta: o que é importante para nós enquanto pessoa e enquanto coletivo? E esta pergunta nos remete a tradição e a pregação cristã da finitude, do sentido da vida e da história, dos novíssimos e do nosso lugar no mundo.
Não sei quanto a você amigo/a leitor/a, mas toda essa situação de calamidade pública desde a covid-19 e tantas outras situações acontecidas pelo mundo afora, tem nos alertado para o destino da vida e da vida humana na Terra. Falo não no sentido de “alarme” ou desses discursos religiosos fanáticos apregoado pelos “profetas das des-graças” que vêm condenação e fim de tudo em tudo quanto é esquinas e acontecimentos, mas falo do ponto de vista sereno e calmo de quem se pergunta pelo o “por quê” e “qual o sentido” disto tudo tendo como pano de fundo o próprio Ser Humano em sua finitude e do seu lugar no Mundo e na Existência. É preciso, penso, pensar “nosso lugar” no Mundo, na História e na Existência e a partir disto ressignificar nossa percepção da vida, da história, e do que realmente importa.
Não sei o que você pensa ou se já parou para fazer uma reflexão sobre o que realmente importa para você e qual o seu papel no mundo e na história na sua finitude de vida aí no lugar em que você vive e com as pessoas que vive com seus objetos, cacoetes, coisas, animais, pessoas, gente. A vida humana tem prazo de validade aqui. A minha, a sua, a nossa vida. Que importância dá para isto? Não sei, mas penso que o que vem acontecendo no Brasil e pelo Mundo afora deve levá-lo a pensar qual o sentido de sua vida e que legado você deixa para as pessoas ou que elas deixam para você nesse imenso caos que é e que está a vida pessoal e coletiva. Concorda? Tudo isto mexe com você? Ou você continua a viver a sua vida como se o mundo lá fora não o afetasse e que nunca isto vai acontecer aqui e agora onde você está?
Não sei. Trago essa pequena reflexão em torno das coisas que estão acontecendo no Mundo e no Brasil enquanto “reflexão” sobre “o que realmente importa” para mim, para você, para nós… Sinais de ressignificação da vida, do sentido da existência e nossas histórias pessoais e coletivas estão por todos os lados e todos os cantos de nosso dia a dia. Diante deles, resta-nos a pergunta: O que importa? O que é importante realmente para você, que vale a pena você cultivar como “marca” que define quem é você e sua história para sí e para os outros, porque eles também importam, sim? Ou não? O que importa?
Deixo essa provocação para você amigo/a leitor/a!
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