Caro leitor, o que falo aqui não constitui algo novo. Há muita coisa escrita sobre o assunto. Minha reflexão é feita como “aperitivo” para aprofundar, discutir, criar opinião. Não sou versado no assunto, mas, entendo que, é preciso ter uma consciência critica. Feita as devidas explicações, vamos ao tema.
É sabido de todos que o planeta está passando por grandes e profundas transformações. Daqui e dali aparecem notícias, imagens, denuncias, teorias das mais mirabolantes, que chocam e metem medo quanto ao futuro.
A sensação comum a toda a população é de que temos que fazer alguma coisa. Pequenos gestos e repetidos hábitos vão aos poucos se infiltrando na vida do povo. Está claro que não é todo povo, mas, uma boa parcela da população. Atos de cunho pessoal, mas, também, de cunho coletivo, vão se firmando na consciência.
Entre verdades, mitos e teorias das mais estapafúrdias, todos concordam: a Terra está em pleno desenvolvimento e passando por profundas transformações. O que ou quem está na origem dessa transformação? Há discursão. Em que e como isso nos afetam aqui e agora? Há constatação e divergências de interpretação. Como será o futuro? Temos uma incógnita.
Os governos e os órgãos dos mais diversos setores da sociedade se movem, a passos lentos, mas se movem. Aos poucos eles se apropriam do discurso moderno da ecologia, fazendo toda uma reflexão conforme seus interesses econômicos, políticos, sociais. Há muitas falácias e pouca preocupa–ação. Eles agem conforme a ideologia econômica.
Mas o que é essa ideologia? É uma força que se apresenta sob vários rostos e nomes. Um deles tem como nome: poder econômico. É dele que falamos.
Esse poder só entende uma coisa: consumir. Consumir é a palavra de ordem que gera riqueza, poder e mais consumo. Tudo passa pela ótica do consumo. Quanto mais consumo, mais poder. E esse poder é quem decide a vida, as relações interpessoais, as razões que movem o sentido da vida, da felicidade, do modo de agir do povo. Ele cria falsas sensações de felicidade, bem-estar, de harmonia. A seu dispor está os grandes meios de comunicação e a máquina do Estado. Tudo é dinheiro. Tudo é Poder. Tudo é Consumismo. É assim que funciona o sistema, a vida, as relações entre as pessoas. Essa é a lógica. Não há vida fora do sistema e sem o poder econômico.
Porém, não precisa ser assim. Mas, o mundo, a relação entre as pessoas e a lógica do mercado funciona assim. Às vezes de modo mais explicito, outras vezes de modo mais sutil. É assim.
E a ecologia? A ecologia é o grande grito da Terra ouvido pelas pessoas de boa vontade, mas, também, e mediante os perigos à vida humana que se apresenta, passou a ser ouvido também pelo sistema. Dessa escuta, nasce uma relação de posse, de extração econômica, a revelia do perigo.
O mercado, as pequenas, media e grandes empresas, setores políticos e até religiosos se apoderam da linguagem ecológica e da atual situação do planeta para disseminar suas ideologias e conquistar mais poder. E ele vem pelo consumo, marca privilegiada do sistema e poder econômico.
Uma empresa para se manter no mercado precisa falar de ecologia. Um produto com a “marca” da “ecologia” garante ao cidadão sua “colaboração” na sustentabilidade do planeta; também a empresa lucra e ajuda com a sustentabilidade do planeta. É a lógica do poder econômico! E a ecologia é sua nova linguagem!
Desse modo, ele, o poder econômico, também se torna protetor da ecologia. Não existe uma politica de meio ambiente sem que ele não esteja lá. É impossível.
Então o que fazer? Precisamos entender a “lógica” para sabermos que há alternativa, que há saída, que há como mudar o coração do sistema. Todo poder um dia cai, todo sistema um dia se esvai, não é eterno. A história tem dado provas disso.
Há muita coisa por fazer, podemos começar por entender e nos questionar a nós mesmos frente ao o sistema. Cada um precisa se questionar a si mesmo. Creio que é o primeiro passo. Depois, segundamente, creio que temos que nos munir daquelas metas traçadas por um projeto arrojado que combinam novas relações interpessoais, novo olhar sobre a vida, sobre a Terra, sobre as pessoas, e sobretudo nova relação com o poder e com o consumo.
Precisamos incentivar uma micro e uma macro solidariedade, globalizar a fraternidade, o amor e a libertação como derivados de um novo e “outro mundo possível”. Isso exige uma mística e uma ascese constante. Coisas simples, próximo de cada um de nós mesmos. E hoje, mais do que nunca, precisamos globalizar em raízes solidas a Esperança.