Caruaru e sua vocação para o crescimento

Desde que despontou no Agreste pernambucano como “a Princesinha do Agreste” e entrou para a história e cultura da nação pela presteza de homens como Autregésilo de Athayde, Vitalino, Onildo Almeida e cantada pelo grande divulgador da cultura nordestina Luis Gonzaga, entre outros, Caruaru sempre cultivou a vocação para o crescimento, salvo aqueles momentos e pessoas de visão e política mesquinha que estagnara esse processo. Entretanto, mesmo assim, Caruaru não pára de crescer e liderar a região com sua façanha vocacional.

Recentemente, a política caruaruense tem se mostrado positivista no empreendedorismo e na obsessão de colocar Caruaru rumo ao futuro próximo como grande e já se aventura, porque não dizer, a uma metrópole equiparada a capital recifense ou bem próxima disso. A prova que apresento para tal é a forma como vem sendo propalada junto aos seus munícipes esse sentimento positivista e as obras que vem sendo feita pela administração atual por toda a cidade, preparando-a para tal futuro. Isso é bom e é o que deseja todos os caruaruenses, desde que, tal crescimento venha com um pacote recheado de empregos, qualidade de vida, possibilidade de interagir com as demais cidades em ascensão na região e Estado.

No entanto, e não se mostrando de todo positivista, mas sendo realista, me vem à mente um elemento muito importante, que a meu ver, tanto a população, quanto suas lideranças atuais e futuras não deverão esquecer: a fragilidade desse crescimento e a exclusão dos que estão à margem desse processo, de modo concreto, as famílias pobres; e os que a cada dia chegam de cidades vizinhas e de outros estados buscando nessa “nova” Caruaru as possibilidades de realização de seus sonhos mais básicos: moradia, comida, emprego.

Infelizmente, inerente ao processo de crescimento e ao rumo que a política possa dá a nossa cidade, essas realidade serão sempre desafios. E que os pobres, excluídos, em situação de risco e vulnerabilidade social, não sejam só foco de captação de recursos junto ao governo federal, sendo fonte de renda para a cidade (como já havia dito noutra ocasião em artigo publicado aqui) e que, ao meu ver, precisam (essas realidades) ser levadas em conta no seu todo, de modo a serem elas também, um catalisador de vida e vida plena para todos.

Não é interessante a uma cidade ter crescimento se só beneficia a uns poucos em detrimento da maioria, e nossas lideranças sabem disso. Entretanto, o que me chama atenção e chamo a atenção de meus leitores, é para o fato de que, a população do povo pobre não seja vista e usada como produto das benefices do governo como mero receptores e catalisadores de recursos, mas sim, que eles sejam como todos os outros, agentes protagonistas transformadores e participantes desse processo de crescimento como é e serão todos os cidadãos dessa cidade. E isso implica em políticas públicas que não os trate como, “pobres”, “coitados”, “merecedores de atenção” por serem pobres, mas por ser cidadãos e força potencial quanto outro cidadão qualquer, até porque, são cidadãos votantes tanto quanto nós outros, e por isso mesmo, dignos de serem tratados como tais, e não com estigmas, porque a sociedade ou sua historia de vida os levou ou os relegou à margem da vida e da cidadania.

Eis, me parece, algo grave, e que Caruaru terá que olhar com devido acento. Porque uma Caruaru que cresce deve promover a vida para todos. Porque ao crescer, o crescimento trará consigo tanto coisas boas quantos desafiantes. E um desafio que se apresentará será o crescimento populacional da pobreza desproporcionadamente, basta ver como se deu esse processo naquelas que hoje são recentemente grandes cidades, e para mim, creio, não devemos incorrer no mesmo erro. Disso tenho certeza, ninguém os quer.

Por isso, levanto minha voz a dizer, caruaruenses, prestem mais atenção em sua historia e desenvolvimento, participem desse momento histórico com presteza, com consciência cidadã mais que a fã desses ou daquele grupo político, percebam o quanto nos é dado como responsabilidade e não nos fechemos em nossas “vidinhas” individuais como se não existisse o coletivo e nem o amanhã. Somos grandes em tudo: “Maior e Melhor São João do Mundo; “Maior Cuscuz”; “Maior Fogueira”; “Maior Pé de Moleque”; precisamos, sim, ser Mais Humildes; Mais Acolhedores; Mais Solidários; Mais Políticos; Mais Fraternos; Mais dados ao Perdão e Amor; Mais Protagonistas; Mais Irmanados… pois afinal de contas, Caruaru nasceu não só para Ser Grande, mas Ser Servidora da Vida e Colaboradora de “Um Mundo Novo” um “Outro Mundo Possível” onde Todos sejam Cidadãos e que tenham Qualidade de Vida.

Creio que é isso aí, partilho com vocês, essa preocupação e esse olhar benfazejo sobre essa cidade cantada e declamada em versos… Caruaru cidade do meu/nosso coração.

Sobre Sebastião Catequista 90 Artigos
Olá! Sou Sebastião Catequista. Sou educador popular e narrador dos conteúdos bíblicos. Habito a Igreja Católica e me identifico como tal, meu lugar de fala é a partir das Comunidades Eclesiais, Pastorais e Movimentos Populares. Faço parte do CEBI (Centro de Estudos Bíblicos) da Região Nordeste, Estado de Pernambuco. Atuo como Agente de Pastoral em diversas atividades eclesial. Blogueiro, assessor, palestrante, criador de conteúdos, sou católico de fronteiras: isto é, sou Ecumênico, de profundo Diálogo inter-religioso com outras Tradições Religiosas cristãs e não cristãs. Adoro ler, curtir a natureza, passeios, fotos, músicas e bons filmes. Sinto-me encantado com a Vida e agradecido. Sou um contemplativo nato. Adoro o mundo da Teologia e da Ciência da Religião. Aqui é o lugar onde extravaso as palavras e dou evasão aos pensamentos. Ter sua visita e apreciação de meus textos é uma alegria, um partilhar da vida nessa cativante jornada do dia a dia que é está vivo e caminhar rumo ao Mistério fascinante da Existência. Grato! Seja bem-vindo/a!

1 Comentário

  1. Caro Sebastião,

    Seu artigo é muito bom e me fez lembrar o tempo que trabalhei
    missionariamente nessa querida cidade. Concordo com vc porque naquela
    época já vivíamos essa realidade cruel de exclusão e violência. Que
    pessoas como vc possam, profeticamente chamar a atenção da sociedade,
    das Igrejas e das autoridades para estancar esse câncer, que apesar do
    crescimento econômico, corroi o que é mais sagrado para os seres
    humanos, a vida e a dignidade.
    Deus te abençoe.
    Pe. Valdiran

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