A esperança renasce

Eleições! Vitória da democracia!

Como é lindo ver o povo se dando às mãos, celebrando a vida, novos sonhos! Como é lindo ver renascer a esperança apesar de milhões ainda quererem ficar “deitado em berço esplendido” pensando que “tudo estava bem” porque “deus estava acima de todos” quando segundo a própria Escrituras nos diz e ensina que “Ele está no meio de nós” [!] construindo e reconstruindo a vida e a esperança de milhões todo santo dia. E foi essa certeza que fez o bom senso dessa vez vencer a cegueira.

A vitória de Lula, não é de Lula, mas do bom senso que diz, que certa forma de enxergar, sentir e viver o cristianismo e a política não estavam vibrando na mesma linha da realidade concreta da vida. O bom senso com a vitória colocou fé e política no seu devido lugar. Ambas constitui imperativos para a vida, porém nunca acima da vida ou donas da vida. Colocou a divindade em seu devido lugar, sem prejuízo de sua narrativa no coração das pessoas.

Essas eleições demostrou o valor claro do amor, do perdão, da compaixão, da justiça e da desalienação e que ainda é possível reinventar o Brasil. Lula não ganhou porque foi o “escolhido” mas porque foi “perdoado” e lhe dado a chance de recomeçar e nos trazer de volta aquela qualidade de vida que havíamos perdido por nossa própria miopia. À ele foi feito justiça quando a justiça foi falha nas mãos dos “eleitos”, dos “salvos”, dos “santos”, dos que eram exemplo dos “bons costumes e da moral”, da “pátria e da família”. Se ele errou ou não, isso não importa mais, até porque “todos nós erramos”. Entretanto, aprendemos com nossos erros. E isso importa, pois ao Lula, lhe damos a chance também de nos perdoar, quando agimos no auge da ignorância, fanatismo e passionalmente com ódio e desprezo sem o ouvir e nem enxergar o que se passava bem debaixo de nossos narizes. Estávamos divididos e dilacerados com o que nos mostraram aos olhos, e que ofuscaram a nossa razão. Mas também não eramos tão inocentes assim, como diz por ai os vários e velhos ditados da sabedoria popular.

Já o Bolsonaro com toda sua “coja” e seu “deus acima de tudo”…, tão “certinhos” não foram perdoados. Não foram nem sequer condenados… foram sim, mandados embora. Como grande ato de amor e compaixão do povo brasileiro. E o foram porque não demostraram compaixão, sensibilidade, honestidade, decoro, civilidade, educação, empatia pela dor do outro, pela cultura e pela fé alheia. Não demostrou um mínimo de humanidade e respeito pelo ser humano. Foi desprezível e mentiroso. Perdeu as eleições não porque havia um complô contra ele, como afirmara no último debate imaginariamente, mas porque, seu deus o abandonou como no embate de Elias com os sacerdotes de Baal. Pois, o que estava em jogo, não era a religião, mas a “Vida”, as “Pessoas”, e essas são sagradas até para “deus”. Essa lição ele custara com toda sua coja aprender…

Quanto ao povo, nessas eleições, também tem umas lições a aprender: o respeito é o aprendizado mais óbvio, porém, a irmandade, a fraternidade, a empatia e a percepção de que estamos no mesmo barco e precisamos uns dos outros seja a lição mais dura a ser aprendida. E a lição mais difícil de se assimilar é a de que religião e política são interfaces de uma mesma realidade, porém cada uma no seu devido lugar, nunca acima ou abaixo, de lado ou de banda… E que o critério último nunca é a religião ou a fé, porque essas como diz as Escrituras, sendo obras humanas, vão acabar, restando apenas o amor, a vida e o próprio ser humano do qual desde sempre Deus se ocupou, ocupa, e ocupará. E a política é o instrumentos pelo qual nos relacionamos e definimos aquilo que nos mantém vivos e com qualidade de vida. Nesse caso, também ela, por mais que mexa com as nossas vidas, relações, não é o critério último de nossa existência, mas vale dizer de novo, a vida. Essa é o critério último de nossos valores e pelo qual lutamos todo santo dia. Vida que no dizer, no crer e no narrar das Escrituras, o próprio Deus encarnado com ela, se definiu a si mesmo e vencendo a morte, nos mostrou seu sentido último do qual todos os dias nos anima, nos motiva e luta conosco, porque segundo essa mesma Escritura, “Ele está no meio de nós!”.

Enfim, de novo temos a chance de reinventar a História nas nossas histórias cotidianas das relações, de nos conectar com o mundo, com o planeta, com a vida, e dá passos adiante. Nessas eleições a democracia venceu, mas quem pode sair ganhando se você deixar, somos todos nós! Paz e Bem!

Sobre Sebastião Catequista 96 Artigos
Olá! Sou Sebastião Catequista. Sou educador popular e narrador dos conteúdos bíblicos. Sou Catequista. Habito a Igreja Católica e me identifico como tal, meu lugar de fala é a partir dos Grupos e Comunidades Eclesiais (ceb's), Pastorais e Movimentos Populares. Faço parte do CEBI (Centro de Estudos Bíblicos) da Região Nordeste, Estado de Pernambuco. Atuo como Catequista e Agente de Pastoral em diversas atividades eclesial. Blogueiro, assessor, palestrante, criador de conteúdos, sou católico de fronteiras: isto é, sou Ecumênico, de profundo Diálogo inter-religioso com outras Tradições religiosas cristãs e não cristãs. Adoro ler, curtir a natureza, passeios, fotos, músicas e bons filmes. Sinto-me encantado com a Vida e agradecido. Sou um contemplativo nato. Adoro o mundo da Teologia e da Ciência da Religião. Praticante da espiritualidade dos Padres do Deserto e da Oração de Jesus, aqui compartilho textos diversos, reflexões, estudos em torno da fé, da espiritualidade, da catequese, da liturgia, da teologia de modo geral, do ecumênismo e do diálogo religioso cristãdas. Agradeço sua visita e apreciação de meus textos. Seja bem-vido(a)! Que a Paz esteja contigo e que nosso blog te possa ser útil na jornada da Vida. Boa leitura!

4 Comentários

  1. Muito bom irmão Sebastião, os nossos amigos e irmãos em Cristo Jesus estão todos revoltados porque não conseguiram o quê eles queriam, fora os nomes, apelidos que nos colocou,quem votou em Lula, tirando isso eu concordo com vc, irmão Sebastião.

  2. “A esperança renasce”, é mais um dos seus excelentes textos para ser lido e relido, e também meditado. Acho que reflete bem o momento que estamos vivenciando. Muito obrigado, Sebastião!!!

  3. Muito bom o texto, achei muito verdadeiro, realmente a maioria dos apoiadores do Bolsonaro pregam revolta, o ódio e o desprezo entre as pessoas, além da sua hipocrisia em colocar o nome de Deus no meio. E lula mesmo tendo algumas ideias contrárias a religião cristã como o aborto, eu vejo, mas ele sempre se mostrou real e se posiciona com a situação da nossa sociedade, até porque ele já passou por isso na vida dele, ele enxerga as nossas dificuldades, ele enxerga nós como pessoas.

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