Fake News

Nos dias atuais não existe uma só pessoa que possuindo smartfone não esteja em grupos no whatsapp. Ele chegou e faz parte como um “bem primário” da vida moderna e das novas gerações. Aí circulam mensagem de texto, cards, vídeos, etc, sobre “tudo” e sobre “nada” que tenha alguma utilidade. Sou um dessas tantas milhares de pessoas que de instante em instante passa o olho no aplicativo para ver o que há de “novo” e se percebo algo “interessante” que é conveniente compartilhar, assim procedo. Quem não o faz?

Faz parte da democracia e da liberdade de expressão a comunicação. Somos seres altamente comunicativos. Comunicamos de tudo e usamos todos os meios possíveis para dizer algo, para expressar, comunicar o que sentimos, o que pensamos, o que concordamos e descordamos. Não sabemos sermos de outro jeito. Somos seres de relações.

Também somos seres sociais, religiosos, políticos, utópicos, sonhadores! Lutamos por aquilo que acreditamos e damos a vida quando entendemos que aquilo pelo qual lutamos nos dá sentido. É o que aconteceu por exemplo, com quem lutou num contexto de ditadura pela democracia, pelos seus sonhos. Lutaram para que a geração de agora pudesse usufruir e fazer elas também sua história de vida como pessoas livres, e como povo, como nação. Muita gente deu a vida por isso. Acreditaram no sonho, na utopia de que um dia seria realidade sua luta, ainda que aqui não estivesse. E foram muitos brasileiros!

E assim, muitos de nossa geração lutaram e lutam para empolgar, motivar, e ensaiar com a geração de agora, um novo tempo. A luta é permanente e os desafios são muitos.

Naquele tempo como em tantos outros tempos, mentiras foram contadas e espalhadas como verdade com o único propósito de manter o sistema e fazer com que, as elites se mantivesse com seus status a custa do povo. Com o passar dos anos e dos tempos, novos meios de manter essa tática apareceram. Hoje com as mídias sociais, com os aplicativos sofisticados, em segundos, falsas notícias se espalham com uma velocidade incrível e de repente, está em todos os cantos e lugares. E tem até nome para isso: fake news.

Foram graças as fake news que no Brasil de uns tempos para cá, a democracia foi colocada em risco. O povo se deixou enganar e até contribuiu para que assim acontecesse.

A cada quatro anos somos convocados a “escolher” nossos governantes. Escolher qual projeto político queremos para nortear nossas vidas, nossos sonhos, nossas utopias por mais quatro anos. É o que fazem as nações onde a democracia impera. Temos a oportunidade de parar, avaliar-nos como pessoa, como coletividade, como nação e, olhando para o futuro, ensaiamos com a opção escolhida novos rumos.

Porém, de uns anos para cá, as elites com o voto do povo vem se alternando no poder. Para chegar a ocupá-lo lança mãos de toda sorte de artifícios entre os quais as fake news. Passadas as últimas eleições muitos perceberam no “fiasco” que se colocaram e colocaram a todos e o destino da nação. Deixaram se enganar! Não “abriram os olhos”, por motivos cômodos e por ódio pensando ser indignação com tudo o que aconteceu antes e durante toda a campanha eleitoral.

Como resultado um candidato ganhou as eleições sob o signo da mentira. Arrastou a muitos para si. Se fez “ídolo”, instrumentalizou a comunicação, a religião, e disseminou seu discurso de ódio com as tais fake news. E não tenha uma só pessoa que por meio de seu smartfone não tenha compartilhado tais fake news. Inocente ou não.

De uma hora para outra, nos aplicativos e nas redes sociais, se viu e se compartilhou milhares de falsas notícias bipolarizando o processo eleitoral. Todos/as nós compartilharam essas notícias. Acreditávamos que era verdade, a mais pura verdade. Ao redor desse país não tenha um só canto que não recebeu e não repassou adiante as falsas notícias ou fake news.

Seus conteúdos mexiam com o nosso senso de justiça, com nossos sentimentos, com nossa indignação, com nossa vontade de mudança… só não víamos e nem entendíamos que o pano de fundo estava na verdade o ódio e a cegueira, escondendo algo mais profundo. Desse modo agimos de “cabeça quente” como alguém que sem pensar dá um “tiro no próprio pé”.

Passada a euforia do momento eleitoral o projeto vencedor se revelou uma farsa e foi de todo desastrado para a população, sobretudo as minorias e excluídas.

Mas há quem diga que não. Não consegue sair de “sua bolha”, “seu mundinho”, de sua “adoração” pelo eleito; e não consegue ver ao seu redor a imensa maioria desempregada. Não percebe a fome, os sonhos de muitos “derrubados” no chão. Não percebe que vivemos um crise na saúde e com a chegada da pandemia o vírus COVID-19 matou mais de meio milhão de pessoas por ai; enquanto em nosso país o governo ria, debochava, fazia piadas e a cada aparição pública semeava discórdia, divisão e confusão no meio do povo. Essa sua postura demostrou que não havia dignidade nele para o posto que ocupava. Inclusive, estava “atolado até o pescoço” na lama da corrupção. É o que nos dizem os jornais e a grande mídia. E o tempo foi passando, foi passando…Seus “devotos” não o deixou de lado, continuou acreditando que “ele” era o “cara”, o “messias” “salvador” da “pátria”. Não abriram os olhos para o que está acontecendo ao seu redor, aos seus semelhantes. Bem poucos e põe poucos nisso, conseguiram se libertar dessa cegueira e se arrependeram.

E agora novo horizonte já se anuvia: chegou o tempo de novas eleições.

E mais uma vez temos que lhe dá com as eleições em um cenário onde tudo é teatro, mentiras, acusações, boicotes, etc. E lá vem mais uma vez o recurso predileto daqueles que a si interessa vencer: as Fake News.

Olha, não sabemos quanto a você, mas entendemos que temos que nos reeducar. Não podemos fechar os olhos e fazer de conta que tudo está bem e que aqueles que estão no poder não usarão os mesmos meios que usaram para vencer as eleições. É preciso acordar! A corrida começou!

Por isso proponho que, respeitando o processo democrático, respeitando a liberdade de expressão das pessoas, o gosto pelas preferencias políticas, não nos deixemos levar a primeira vista pelos tantos vídeos e mensagem que postam nos grupos das mídias sociais e nos aplicativos como o whatsapp. Mesmo que seja comprovada as suas fontes, não o faça. Pois por certo, estaremos disseminando fake news. Mas aí você pode argumentar: E se for verdadeiro e eu concorde, deixar de repassar não é ficar em cima do muro? Sim! Mas como criativos que somos, poderemos ser bem mais verdadeiros, se podermos “convencer” os outros pela comunicação “corpo-a-corpo” com nossa própria verdade sem precisar utilizar essas mensagens e vídeos que nem “deus sabe” o que está por trás… sejam eles da “direita” da “esquerda” ou do “centrão”. Precisamos barrar as fake news, não o processo eleitoral e a luta pelo que acreditamos ser o melhor pelo país.

As fake news tem um propósito: Criar no meio do povo falsas esperanças. Dividi-lo, incentivar seu ódio, agir por impulsividade, criar e manter conflitos, e atitudes de violência seja física, psicológica, verbal, ou corporal. Elas nos faz “fechar” nossos “olhos” (capacidade de análises) para a verdadeira realidade e mexe com nossos sentimentos, sobretudo de indignação, levando-nos a agir impulsivamente.

Quanto aos vídeos e seus conteúdos sendo verdadeiros ou não, devemos nos perguntar que sentimentos ele nos causa. Que tipo de atitudes e sentimentos ele te sugere. Aprenda a se escutar, a ver suas reações perante essas mensagens. Não sei quais critérios poderemos usar para checar a veracidade de seus conteúdos, mas com certeza, um critério creio que pode nos ajudar seja justamente “ver” o que se passa de verdade ao nosso redor. Pessoas estão desempregadas cada vez mais em números crescentes; o SUS está sucateado; a saúde está um caos; a fome está assolando cada vez mais; as pessoas estão cada vez mais intolerantes umas com as outras, sobretudo, na “esfera” do mundo religioso [perceba como a violência tem crescido sobre alguns grupos religiosos]; elas preferem sair do mundo real para o mundo virtual por muitos motivos; la fora, nosso país serve de piadas; de uma hora para outra, todos estão enojados de política mas ao mesmo tempo mantém posturas fechadas quanto ao tema; cresce o número de violência contra as mulheres, os jovens, os negros, os índios… No frigir dos ovos, não é a fake news o problema maior, mas nós mesmos no lidar com o poder. O poder de decidir, o poder de fiscalizar, o poder de sermos honestos pelo menos uma vez, o poder de tomar as rédias nas mãos, o poder de ter que lhe dá com a liberdade, com o trabalho, a economia, com os nossos sentimentos e com os nossos destinos pessoais, e dos outros. Estamos “perdidos” nessa complexidade de relações e ninguém pode nos ajudar a não ser nós mesmos como indivíduos e como coletividade; e o primeiro passo talvez seja, nos escutarmos a nós mesmos, abrindo nossos olhos reais para a realidade que aí está… o resto todos sabemos como fazer. Eis um bom critério de julgamento sobre vídeos e mensagens que as “antenas” de nosso “desconfiômetro” se estiverem ligadas, precisa praticar. Saber a quem interessa, porque, a quem fortalece tal vídeo e tal mensagem, o que realmente ela traz de verdade da realidade e o que isso causa em nós, em mim e em você, é essa a “pista” que damos, além das corriqueiras orientações que você já está cansado/a de saber.

Enfim, é tempo de eleição e não participar, não votar é boicotar a si e aos outros, ou ficar em cima do muro – que no “frigir dos ovos” – dá no mesmo: manteremos essa situação insustentável como se tivesse “tudo bem” e “nada de novo” acontece debaixo do sol.

Não sei se você quer isso para si e para os seus. Só sabemos que a cada quatro anos temos a excelente oportunidade de ensaiar de novo, novas esperanças, novo devir. Mesmo que dê certo ou errado…continuamos ainda assim, ensaiar. Porque é próprio de nós seres humanos a inquietação e a mudança.

De olho nas fake news, que possamos fazer um processo eleitoral honesto e não cair nessa de repassar vídeos seja de quem for, para mudar, convencer a nós outros de que “alguém” está errado. Já sabemos disso, e cada um já tem seu candidato, a questão é: você topa mudar para algo mais profundo de que só as eleições? Então convença honestamente seu “oponente” disso.

Sobre Sebastião Catequista 90 Artigos
Olá! Sou Sebastião Catequista. Sou educador popular e narrador dos conteúdos bíblicos. Habito a Igreja Católica e me identifico como tal, meu lugar de fala é a partir das Comunidades Eclesiais, Pastorais e Movimentos Populares. Faço parte do CEBI (Centro de Estudos Bíblicos) da Região Nordeste, Estado de Pernambuco. Atuo como Agente de Pastoral em diversas atividades eclesial. Blogueiro, assessor, palestrante, criador de conteúdos, sou católico de fronteiras: isto é, sou Ecumênico, de profundo Diálogo inter-religioso com outras Tradições Religiosas cristãs e não cristãs. Adoro ler, curtir a natureza, passeios, fotos, músicas e bons filmes. Sinto-me encantado com a Vida e agradecido. Sou um contemplativo nato. Adoro o mundo da Teologia e da Ciência da Religião. Aqui é o lugar onde extravaso as palavras e dou evasão aos pensamentos. Ter sua visita e apreciação de meus textos é uma alegria, um partilhar da vida nessa cativante jornada do dia a dia que é está vivo e caminhar rumo ao Mistério fascinante da Existência. Grato! Seja bem-vindo/a!

1 Comentário

  1. Você chama atenção para uma realidade muito presente nos nosso grupos. Até o Papa denuncia para essas mentiras virtuais. Elas já causaram muitas desgraças no Brasil, principalmente no âmbito político. Procurar e divulgar a verdade é papel do cristão

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