Não quero ser salvo!

Há quase dois anos que a pandemia do Covid-19 chegou. Por todos os lados as pessoas se alarmaram, houve muita informação sobre o assunto, mas também o contrário se deu. Não bastasse a pandemia infelizmente outros males por aqui, em solo brasileiro chegou antes: na política a cada dia tínhamos um “capítulo” da “novela” da corrupção onde a “esquerda” foi literalmente massacrada e execrada e demonizada inclusive pelo próprio povo, que se deixou manipular pelas mídias e grupos que detém os maiores meio de comunicação.

Com essa novela da corrupção que gerou “indignação e ódio” no povo é que levou esse mesmo povo a votar nas eleições passadas no grupo da direita em sua versão mais cínica e extremista. E a direita aliada a grupos elitistas, a grupos religiosos e sociais extremistas soube tirar proveito se mostrando “tábua de salvação” no momento em que o povo estava fraco e dividido pelo seu próprio ódio.

E com a nova configuração após a eleição do atual governo bolsonarista, eclodiu um “brasil” que nunca se tinha visto. O brasileiro pôs a colocar “para fora” o seu “pior de si mesmo” e a dividir ainda mais o próprio povo, inclusive sobre assuntos dos mais diversos.

E a situação nacional atualmente é grave. Estamos numa crise sanitária em que muitos já morreram. O país está nas mãos de um desgoverno e não temos um nome, uma liderança que unifique o povo, que reoriente o país e que nos coloque no rumo certo, na coisa certa a se fazer. Sociedade civil organizada, grupos sociais das mais diversas bandeiras e causas não conseguem se fazer ouvir pelo povo, grupos religiosos de ambos os lados também não estão dando passos mais ousados e criativos, e o mundo “lá fora” nos vigia, ridiculariza e se preocupa conosco a partir de seus próprios interesses. Estamos nesse momento tateando no “escuro” assim como, boa parte do resto do mundo, que não está tão diferente de nós quanto a gravidade do momento.

Solução aos poucos coletivamente vai se construindo humanamente falando! Mas para a gravidade do momento, são a passos lentos e experimentais. Certezas? Pouquíssimas! Não que sejamos pessimistas, mas esse é o quadro, e como otimista que sou penso que as soluções vão aparecer, “ponho fé” nessa crença.

Entretanto, é lastimável, ver essas aglomerações, e exceto em caso de “grande necessidade”, e há sempre “exceções”, sabendo que mesmos essas necessidades e exceções tem diante da pandemia consequências, inclusive que pode levar à morte, é “muito triste”, ver o que estamos averiguando a cada dia, como o povo “adora morrer feliz” criando o “seu jeitinho brasileiro” mediante tal situação. É o caso que a cada dia vemos escancarado nas ruas, sobretudo no período noturno, quando bares, restaurantes, casas noturnas abrem às portas literalmente para o povo “festejar”, “se encontrar”, “gastar as energias”, que é “seu direito” mas, que não cumpre todas as condições necessárias para garantir essa aventura. E mais impressionante ainda é ver e saber que é o próprio povo aí presente que não cumpre as normas de segurança e nem está “nem aí” para a crise. Ou seja, é “um bacanal da morte” do jeito que a morte gosta, e o mais incrível é saber que isso é de consciência plena.

Dessa forma a mensagem passada é clara: “não quero ser salvo/a!” Ou seja, parafraseando uma canção brasileira estão a dizer: “apesar de você amanhã há de ser outro dia” mesmo que esse “outro dia” seja a morte.

Isso nos mostra o “egoísmo coletivo e individual” diante dos problemas pelos quais estamos passando, e pelo que aprendi nesses anos de vida, esse comportamento exprime exatamente a ideia básica do sistema capitalista e moderno do mundo atual: “cada um por si e Deus por todos!” uma máxima que caracteriza bem o momento atual da alma brasileira e que é antievangélica, antiética, quando numa situação assim, deveríamos “em princípio” pensar no outro, pensar nas gerações que virão depois de nós.

Oxalá que possamos “pela dor” aprender ainda em tempo que não nos salvamos sozinhos e que temos responsabilidades que não podem ser dada a outros. Não é opcional, negociável! Não há como escapar! Eis o “juízo final” dessa novela: Ou nos interessamos e mudamos nossa maneira egoísta de pensar e agir, pessoal e coletiva, ou sucumbiremos todos! E isso não é uma opção! Infelizmente, sempre será um número menor a pagar o preço pela burrice da maioria.

Sobre Sebastião Catequista 90 Artigos
Olá! Sou Sebastião Catequista. Sou educador popular e narrador dos conteúdos bíblicos. Habito a Igreja Católica e me identifico como tal, meu lugar de fala é a partir das Comunidades Eclesiais, Pastorais e Movimentos Populares. Faço parte do CEBI (Centro de Estudos Bíblicos) da Região Nordeste, Estado de Pernambuco. Atuo como Agente de Pastoral em diversas atividades eclesial. Blogueiro, assessor, palestrante, criador de conteúdos, sou católico de fronteiras: isto é, sou Ecumênico, de profundo Diálogo inter-religioso com outras Tradições Religiosas cristãs e não cristãs. Adoro ler, curtir a natureza, passeios, fotos, músicas e bons filmes. Sinto-me encantado com a Vida e agradecido. Sou um contemplativo nato. Adoro o mundo da Teologia e da Ciência da Religião. Aqui é o lugar onde extravaso as palavras e dou evasão aos pensamentos. Ter sua visita e apreciação de meus textos é uma alegria, um partilhar da vida nessa cativante jornada do dia a dia que é está vivo e caminhar rumo ao Mistério fascinante da Existência. Grato! Seja bem-vindo/a!

1 Comentário

  1. É lastimável, é inconsequente, é doentio às atitudes desse desgoverno. Espero de verdade que esse momento seja de reflexão sobre a escolha realizada pela população brasileira e que no futuro próximo possam melhor escolher um líder de fato para tentar sanar o desmantelado e desmonte causado por esse genocida.

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