Verás que um filho teu não foge à luta

Por: Fabio S. Silva

Sem dúvidas estamos vivendo um momento que entrará na História da nação brasileira. Não cabe, nesse momento, a ilusória pretensão de dar um diagnóstico da atual conjuntura. Arrogar para si esse direito é caminhar entre a inocência e a má fé.

Não sabemos o que estar por vir, sejam conquistas ou consequências, pois eventos históricos só são enxergados, em sua totalidade, depois de concluídos e com a distância do tempo. Podemos citar muitos exemplos para endossar essa afirmação, mas gostaria de destacar a Insurreição Pernambucana acontecida há 201 anos.

Curiosamente a Revolução de 1817 tinha a mesma raiz dos protestos e paralizações que estamos vendo hoje no nosso país, a alta de impostos. Nela travou-se uma luta contra a mordomia da família real em detrimento ao povo brasileiro. Naquela ocasião, as Colônias deviam manter a iluminação pública da cidade que a família real escolheu para viver, entre outras regalias.

Parece-nos que a realidade de exploração, corrupção e mordomia de algumas poucas famílias, em detrimento de milhões de brasileiros, não mudou muito. Pagamos em média 45% de impostos em tudo que consumimos, somos onerados pelas maiores taxas tributárias do mundo, e amargamente constatamos que falta dinheiro para serviços públicos de qualidade, que eleve a condição de vida dos cidadãos, mas sobra dinheiro para propinas, obras superfaturadas, fundos partidários, entre outros.

O mesmo sentimento daquela Revolução continua vivo no povo brasileiro, continua viva a Esperança de uma vida com mais dignidade. Nesta direção, consideramos ter mais sentido uma vida com luta e expectativa de dias melhores, do que a anestesia daqueles que se afeiçoaram ao chicote do feitor.

Por fim, fazemos uma ressalva ao exposto acima. Sem nenhum equívoco, e com a distância do tempo, podemos afirmar que a Insurreição Pernambucana foi um movimento vanguardista, contudo o momento atual nos pede cautela. Não podemos deixar que o caos pelo caos se instaure. Nesses momentos, de águas turvas e agitadas, surgem supostos messias com tábuas de salvação e soluções mágicas. Recordamos que na administração de um país não se usa alquimia, mas competência técnica, experiência de gestão, compromisso com as necessidades do povo, respeito à Constituição, entre outras.

Sobre Sebastião Catequista 90 Artigos
Olá! Sou Sebastião Catequista. Sou educador popular e narrador dos conteúdos bíblicos. Habito a Igreja Católica e me identifico como tal, meu lugar de fala é a partir das Comunidades Eclesiais, Pastorais e Movimentos Populares. Faço parte do CEBI (Centro de Estudos Bíblicos) da Região Nordeste, Estado de Pernambuco. Atuo como Agente de Pastoral em diversas atividades eclesial. Blogueiro, assessor, palestrante, criador de conteúdos, sou católico de fronteiras: isto é, sou Ecumênico, de profundo Diálogo inter-religioso com outras Tradições Religiosas cristãs e não cristãs. Adoro ler, curtir a natureza, passeios, fotos, músicas e bons filmes. Sinto-me encantado com a Vida e agradecido. Sou um contemplativo nato. Adoro o mundo da Teologia e da Ciência da Religião. Aqui é o lugar onde extravaso as palavras e dou evasão aos pensamentos. Ter sua visita e apreciação de meus textos é uma alegria, um partilhar da vida nessa cativante jornada do dia a dia que é está vivo e caminhar rumo ao Mistério fascinante da Existência. Grato! Seja bem-vindo/a!