Felicidade?

No mundo moderno a felicidade virou uma febre. Tudo o que fazemos é sempre no intuído de construir, sentir, desfrutar da felicidade. Nada do que fazemos tem outro fim último a não ser esse: a felicidade.

            A felicidade em si pode advir de um objeto adquirido, ou mesmo pela satisfação de uma atividade pessoal e/ou profissional realizada com sucesso, ou ainda pode ser por alguns instantes um momento de tranquilidade e profunda paz interior. Mas em tudo isso ela é passageira, fútil, e sem sentido.

            Durante anos passamos boa parte da vida correndo atrás da felicidade e quando a alcançamos ela escorre pelos dedos em pouco tempo como água ou areia por entre os dedos das mãos. E de novo estamos nós a correr atrás da felicidade. Gastamos um tempão investindo nessa tarefa e com esse objetivo. Em dado momento as vezes nos damos conta de que a felicidade está ali bem pertinho da gente, e que a podemos sentir e tocar nela dentro do processo que vivenciamos para alcança-la, torná-la concreta, palpável. E as vezes parece tão longe, tão distante, uma eternidade… e nos acabrunhamos, cansados de não conseguir ou mesmo porque nos parece algo quase irreal.

            Daí nos damos conta de que, a felicidade não existe, não é real. De que nessa palavra pomos diversos conteúdos enquanto buscados, almejados, planejados que de certo modo nos fala do nosso lugar e do sentido último de nossa vida aqui e agora. E quando nos deparamos com esta constatação nos damos conta do vazio imenso que está nossa vida, nossa existência. É algo verdadeiramente abissal!

            Então, começa a surgir as perguntas que minam as certezas: Qual o meu lugar na vida? Que sentido dou para ela? O que fiz até agora em que concretamente define minha história e o meu ser?  Quem de fato sou? O que há de “novo” em minha história que acrescenta à História da Existência?  Por um milésimo de segundos tudo é tão “cruel”, tão “preto no branco”, tão desesperador. Parece que “o chão desapareceu” debaixo dos nossos pés…

            De repete começamos a perceber que, o que fazia nossos pais, também fazemos. Nada muda! É inevitável! As histórias, contextos, personagens, problemas são diferentes, mas, o sentido é o mesmo: dormimos, levantamos, trabalhamos, corremos atrás do tempo, assumimos responsabilidades, comemos, bebemos, festejamos, nos angustiamos, correria para cá, correria para lá, somos dependentes de alguém ou de algo como também pessoas dependem de nós, vivemos aceleradamente enquanto nosso corpo se desgasta e a cada instante não é mais o mesmo, e sempre alimentamos a ideia de que a felicidade vem logo ali, que a desfrutaremos bêbados pelos efeitos de sua fragrância como pagamento pelas conquistas realizadas. E quando tudo vai embora como numa manhã que se levanta e logo chega a noite que toma o dia, acordamos para a dura realidade de novo: precisamos buscar a felicidade. Como vê, nada de novo nos é fabricado, inventado, vivenciado por nós mesmos.

            Mas, mesmo sendo assim dentro desse “nada de novo acontece”, é possível encontrar novas possibilidades que nos leva a ensaiar respostas às perguntas que emergem do vazio como respostas únicas, irrepetíveis, que virtualmente nos leva conceber “certezas” do nosso lugar na vida, no mundo e o sentido que preenche o vazio. Uma vez vivenciada essa experiência- insight não mais haverá “felicidade” mais uma outra leitura da realidade que agora compreendida no seu âmago, tanto faz se se repete como na vida dos nossos ancestrais ou não, ela tem novo sentido e a felicidade não cabe mais porque não aliena mais… os dias, as noites, os acontecimentos, as responsabilidades, o trabalho, e todos os outros ganharam novo sentido e já aí agora, acontece a “felicidade plena” sem ilusões. A felicidade que parece existir não mais aliena, não mais nos desgasta, porque uma nova realidade ainda que virtual, possibilitou nova leitura e nova experiência que a felicidade pela felicidade não cabe mais em seu conceito e conteúdo dentro dessa nova experiência- insight.

            Sim! A felicidade pode existir… a questão é: o que você está disposto a dar para ela, para descobrir sua verdadeira face?

            “Vaidade, vaidade, tudo é vaidade. O que foi, será, o que se fez, se tornará a fazer:  nada há de novo debaixo do sol!” (cf. Ecle 1,1.9).

Sobre Sebastião Catequista 90 Artigos
Olá! Sou Sebastião Catequista. Sou educador popular e narrador dos conteúdos bíblicos. Habito a Igreja Católica e me identifico como tal, meu lugar de fala é a partir das Comunidades Eclesiais, Pastorais e Movimentos Populares. Faço parte do CEBI (Centro de Estudos Bíblicos) da Região Nordeste, Estado de Pernambuco. Atuo como Agente de Pastoral em diversas atividades eclesial. Blogueiro, assessor, palestrante, criador de conteúdos, sou católico de fronteiras: isto é, sou Ecumênico, de profundo Diálogo inter-religioso com outras Tradições Religiosas cristãs e não cristãs. Adoro ler, curtir a natureza, passeios, fotos, músicas e bons filmes. Sinto-me encantado com a Vida e agradecido. Sou um contemplativo nato. Adoro o mundo da Teologia e da Ciência da Religião. Aqui é o lugar onde extravaso as palavras e dou evasão aos pensamentos. Ter sua visita e apreciação de meus textos é uma alegria, um partilhar da vida nessa cativante jornada do dia a dia que é está vivo e caminhar rumo ao Mistério fascinante da Existência. Grato! Seja bem-vindo/a!