Viver só. Há pessoas que vivem só porque escolheram viver assim; há outras que foram forçadas por alguma situação; e outras ainda que não tendo ninguém por sí e nem dos seus, vive só. Não nascemos para viver só. Estar só é uma opção que alguns podem fazer; mas mesmo estando só não significa que vivam só. Sempre há alguém por ele/a quando este/a precisar. Alguém que de algum modo lhe é “porto seguro”, referência. E isso de certo lhe dá um “conforto” no viver.
Mas, há pessoas que não tem esse “porto seguro” esse “conforto” essa “referência” e vive reprogramando sua situação. Buscando alternativas para passar pela vida buscando um sentido que lhe dê forças para a cada dia abrir os olhos e a noite, poder deitar num travesseiro “em paz”.
Não são muitas as pessoas que vivem assim suponho, e nem tenho estatísticas em mãos, mas deve haver um número bem expressivo pelo que se pode ver dos aplicativos e salas virtuais e telefones que dia após dia estão permanentemente ligados dia e noite para atender esse público.
Como é insuportável e dolorido ver que ao final de uma reunião, de um encontro, de um voltar de qualquer lugar ou evento para casa, saber que lá não tem ninguém lhe esperando para o acolher, para lhe ouvir, sentir com ele/a as experiências vividas.
Como é ruim para quem vive só ver pessoas voltando para casa, e saber que lá há alguém esperando para interagir. Enquanto ele/a que vive só não pode por alguns motivo usufruir dessa mesma realidade. E isso deixa brecha para uma vulnerabilidade tamanha, porta aberta, por exemplo, para entrar uma depressão.
Feliz daquele que, consegue a tempo encontrar um/a companheiro/a que o tire dessa letargia e lhe dê pleno sentido de vida. Mas alguns, por diversos motivos, não consegue essa façanha. E aí o que fazer?
Certamente que muitos irão dizer: “não estás sozinho, Deus está contigo!” Sim é verdade, mas não se trata de “está órfão” da presença de Deus ou de “estar possuído” de sua presença enquanto “sentido de reserva” mas, sim, se trata da companhia concreta, real, de entrelaçamento humano. Se trata de “estar corpo-a-corpo” interagindo com toda psiquê humana de humano para humano, e isso até o divino criador entendeu. Ninguém está sozinho na vida e no universo, mas se pode estar só quando as circunstancias adversas da vida assim faz acontecer. E nessa hora é muito difícil.
Os profissionais de diversas áreas com suas técnicas, seus conselhos e orientações podem ser de grande ajuda, e são; mas não conseguem adentrar no mais profundo do sentir da pessoa que assim se encontra. É uma luta interior! Luta que depende dele/a e de um conjunto de fatores que pode levar a termo feliz ou ao contrário.
E essa luta em cada um se apresenta de modo diverso e não tem cartilha pronta. É um caminho assustador a ser percorrido com muita lucidez, coragem e profundo senso da vida. E aqui se pode dizer que a espiritualidade, a religião, os amigos/as, assim como os profissionais da saúde de diversas áreas pode ser de grande valia, mas não é a solução. E quem tem a solução?
Não é fácil chegar à solução! Mas creio que “ensaios e caminhos” existem. É um conjunto de forças que podem conduzir a algum lugar. E cada um há que achar esse caminho.
Cada dia é uma luta! Não há respostas prontas! Cada dia é um risco e um minuto de esperança.
